segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

DE OUTROS

Personagem de ficção com que se identifica

«Os mercados. Nunca estão satisfeitos, exigem sacrifícios humanos e falam pela boca de putos 'coquinados' de 20 anos. Batem Pai Natal, Super-Homem, Jesus Cristo e o Rato Mickey por K.O.
Brilhante criação!»

Nuno Duarte (Jel)
Expresso

PESSOA, SEMPRE



LISBON REVISITED (1923) - ÁLVARO DE CAMPOS

Não: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

Álvaro de Campos

DE OUTROS

O tremeliques palavroso

2010-12-20

Tive imensa sorte, na minha juventude, por nunca haver sido confrontado com a obrigação de assinar a declaração de «conformidade» do famigerado decreto 27003, exigido pela ditadura. Seria para mim angustioso sujeitar a honra a uma mentira, mas confesso que, se fosse obrigado, assinaria. Ninguém via heroísmo redentor nessa estóica recusa.

Por bênção dos deuses, o maldito decreto foi revogado por Marcello Caetano antes de a situação se me colocar. Dessa estou «imaculado», mas não atiro um grão de areia a quem firmou de cruz aquele papel: o cobarde não foi quem assinou, cobarde era quem obrigava a assinar.

Por isso, não liguei muito à notícia da declaração assinada de Cavaco Silva à PIDE. Só despertei da modorra, quando ouvi o candidato dizer que não se lembrava do episódio. Aí, pára: ou o cavalheiro mente desavergonhadamente, ou sofre de um Alzheimer muito adiantado a justificar um Conselho de Estado para o interditar.

Ninguém, mas ninguém mesmo, se esquece de quando foi obrigado a ir à PIDE: fica na memória para sempre. É que esta, para mais, foi uma declaração presencial, certificada na hora pelo chefe de brigada da Pide e por isso dispensada de reconhecimento notarial. Tem ele o despudor de dizer que não se lembra? Abram a ala VIP da psiquiatria, por favor!

A mentira (ou doença incurável do candidato) tornou-me mais atento. O que me chamou mais a atenção foi a anotação final, num espaço de preenchimento facultativo, a dizer que «não priva» com a segunda mulher do sogro, dando o nome completo da senhora.

Ah, isso é demais - e nada tem a ver com «tentativas de o ligar ao anterior regime», como Cavaco se lamuriou. Nada! A ligação é só à sua têmpera, à sua capacidade ou não de enfrentar situações difíceis. Toda a gente de bem que conheci, desafecta ou mesmo afecta ao salazarismo, respeitava este princípio: à polícia (e então à secreta!) só se diz o mínimo. Era questão de fidalguia, de sobranceria, de desprezo. Não era exigido a Cavaco que escrevesse o nome da segunda mulher do sogro e muito menos que declarasse que não privava com ela. Qualquer um com dois dedos de siso saberia que isso iria pôr a PIDE de sobreaviso contra a senhora - ou então queria mesmo denunciá-la.

Cavaco não seria tão reles: apenas estaria tão tremeliques que escreveu até o que não queria, coitado. E logo ele que diz que há palavras de mais na política. Lá sabe do que fala, quando falou, à PIDE, do que não devia ter falado.

A desgraça é que o tremeliques tem ainda menos cura que o Alzheimer.

JN

domingo, 30 de janeiro de 2011

PESSOA, SEMPRE

A PÁTRIA DO MINHO A TIMOR

A guerra colonial começou há meio século. O último tiro foi disparado há 36 anos. Mas, para muitos dos militares que a travaram, ainda não acabou. Durará o tempo de cada vida de um dos combatentes que ficaram física ou psicologicamente marcados para sempre. Um milhão de portugueses foram recrutados para o conflito, dez mil morreram, 30 mil ficaram feridos. Não sabemos quantos ainda hoje vivem com limitações por causa da guerra.
(...)
A sociedade portuguesa descobria através dos casos de stress psicológico, um lado secreto da guerra que emergia sem pedir licença num país que travou durante 13 anos uma guerra e depois fez o possível por ignorar que ela tinha existido. Não podemos, de qualquer forma, relativizar o stress pós-traumático perante a evidência da importância de uma outra forma de sofrimento que desconhecíamos. O que sabemos é que, 50 anos depois, ainda não identificámos toda a dor que a guerra colonial deixou. Por isso, ela ainda não acabou
.
Público

UM IMENSO ADEUS

«Por un error de cálculo en el uso horario, llamé al Palacio Presidencial a las tres de la madrugada. La impertinencia se me hizo más alarmante cuando escuché en el teléfono al presidente de la República en persona. «No te preocupes - me dijo, con su cadencia episcopal -. En este empleo tan complicado ya no queda otra hora para leer poesía.» Pues en esas estaba el presidente Belisario Betancur en aquella madrugada trémula del poder: releyendo los versos matemáticos de don Pedro Salinas, antes de que llegaran los periódicos a amargarle el nuevo día con las fantasías de la vida real.»

sábado, 29 de janeiro de 2011

PORTUGAL DOS PEQUENINOS



Enquanto o país discute o caso 'bronquítico' dos cidadãos que não conseguiram votar, o patusco que está de ministro da Administração Interna diverte-se com as criancinhas da primária...
Ou será que já vai a caminho da 'Unidade de Missão para a Reforma do Código da Estrada'?

(Foto: Mário Cruz/Lusa publicada no Expresso)

UMA LUZ

PARA MPS



SE EU FOSSE UMA LUZ
EU DAVA LUZ E EXPLODIA
(NÃO ERA EU)
SE EU FOSSE UM BARCO A NAVEGAR
TAMBÉM NÃO ERA UM BARCO A BALOIÇAR
À TONA MÁGOA
SE EU FOSSE UM FOTÃO
JÁ TINHA TODO ARDIDO
DENTRO DOS TEUS OLHOS GRANDES CHEIOS DE ÁGUA
CASTANHOS
OBLÍQUOS
À MINHA E SÓ MINHA BEIRA DOR TODA ESPANTADA
AH DEIXA-ME SER APENAS UMA FLOR CHEIROSA
NA TUA ORELHA DE CETIM AVELUDADA
DE MULHER HUMEDECIDA
A BOIAR DENTRO DE MIM
SOBREAQUECIDA
À BEIRA FRÁGUA
E SÓ MAIS NADA
E SÓ MAIS NADA

Daniel Nobre Mendes

04-01-11




FINALMENTE, A VERDADE




UM ADEUS AO 'MAXIME'

A DIGNIDADE DO ESTADO EM WEST COAST



Segundo o 'Expresso', Santos Silva era o alvo principal do discurso (rancoroso e indigno de um chefe do Estado) proferido na noite da reeleição.
Acontece que o chefe supremo das Forças Armadas e o Ministro da Defesa convivem civilizadamente como titulares dos cargos que continuam a ocupar.
Para os mais distraídos, é bom lembrar que o primeiro é Cavaco Silva e o segundo é Santos Silva.
A isto se chama, em linguagem politicamente correcta, o normal funcionamento das instituições.
A isto se chama defesa da dignidade do Estado.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

UM COMENTÁRIO PROMOVIDO A 'POST'

Caro Pedro, muito obrigado pela divulgação. Em nome da TIAC, agradeço a disponibilidade para utilizar o seu blog no sentido de divulgar uma posição oficial da organização. O apoio de cada cidadã e cidadão é essencial para promovermos a transparência e combatermos a corrupção. Aproveito para deixar os contactos da TIAC na Internet: Website: http://www.transparencia.pt Facebook: http://wwww.facebook.com/transparenciapt Twitter: http://wwww.twitter.com/transparenciapt Para quem quiser associar-se: http://wwww.transparencia.pt/como-se-associar Uma vez mais, muito obrigado Luís Bernardo

Nota:
A Associação Cívica - Transparência e Integridade já tinha sido anteriormente referida aqui:

INTERVALO MUSICAL

O RIGOR ORÇAMENTAL DO "ENGENHEIRO DA INDEPENDENTE"

TGV custa mais 195 milhões que o previsto

Segundo a resolução do conselho de ministros hoje, sexta-feira, publicada no Diário da República, o preço contratual com a concessionária será de 1.668 milhões de euros. Em Maio era de 1.473 milhões. (DN)


A GARGALHADA DO DIA

«Ponhamos de lado as mentiras, senhor deputado.»

J. Sócrates

(AR/TV)

PESSOA, SEMPRE

PARA UM MANUAL DE ENGENHARIA DA FACADA

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

TRANSPARÊNCIA E INTEGRIDADE - ASSOCIAÇÃO CÍVICA




TIAC REALÇA SUCESSO DA INVESTIGAÇÃO DO CASO MAN-FERROSTAAL E CONDENA INTIMIDAÇÃO POR PARTE DA DEFESA DOS ARGUIDOS

A Transparência e Integridade – Associação Cívica (TIAC), Ponto de Contacto Nacional da organização internacional de luta contra a corrupção Transparency International, emite as seguintes considerações no seguimento da decisão recente do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) sobre o caso MAN-Ferrostaal:

  • Congratulamos o Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), e em particular o Juiz Carlos Alexandre, pela decisão audaz e exemplar de levar a julgamento os 10 arguidos do processo das contrapartidas dos submarinos, acusados de burla qualificada e falsificação de documentos, que lesaram o Estado em 34 milhões de euros, de acordo com o despacho de pronúncia;
  • A TIAC repudia as alegações, pressões e intimidações que foram manifestadas pela defesa dos arguidos ao Juiz Carlos Alexandre em sede de tribunal, sendo intoleráveis num Estado de Direito Democrático como o nosso. Neste sentido, a TIAC apela às instâncias de jurisdição que assegurem as garantias e protecção necessárias aos intervenientes judiciais neste processo;
  • Esta decisão do TCIC não só vem credibilizar a Justiça portuguesa, porque materializa o princípio constitucional de que a lei é igual para todos, grandes e pequenos, como também evidencia a qualidade da investigação e da peritagem previamente realizada pelo Ministério Público;
  • A TIAC estará atenta ao desfecho do processo que tem seguido e apela à Procuradoria-Geral da República que afecte todas as condições e apoios necessários para o bom desenvolvimento da investigação.

Esta posição da TIAC não é subscrita por um dos membros da Direcção, por razões deontológicas, uma vez que desempenha as funções de magistrada.

DE OUTROS



"Penso que a poesia faz parte da história da vida e não da história da literatura."

Sophia de Mello Breyner Andresen

PESSOA, SEMPRE

WEST COAST NEWS (NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA EM INGLÊS TÉCNICO)



Segundo as últimas sondagens, depois de um engenheiro de fossas vamos ter um gestor de lixeiras.
Obrigado pela coerência, nobre povo.
Eternamente grato, nação valente.

OS 53%

Há por aí umas alminhas bem pensantes, partidárias do politicamente correcto, comentadores encartados de televisões, rádios e jornais que insinuam ou explicitamente dizem que um abstencionista é uma espécie de cavalgadura a quem a nossa senhora de Fátima levantou as patas da frente, alguém incapaz de avaliar as mazelas que a sua atitude causa ao sacrossanto regime cleptocrático, também conhecido pela alcunha de 'democracia de sucesso'.
Calma, rapazes. Calma. Pode nem sempre ser assim. E para ilustrar posso dar o meu exemplo, nas recentes eleições presidenciais. Abstive-me porque:
1 - Não votei Cavaco porque não voto em américos thomazes, fardados ou à paisana;
2 - Não votei Alegre porque não voto em quem, abdicando da rebeldia que lhe tinha valido mais de um milhão de votos, se submete aos ditames da organização do Sócrates;
3 - Não votei Nobre porque nunca percebi o discurso atabalhoado do candidato, não sabendo, sequer, se o homem é republicano ou monárquico;
4 - Não votei Lopes porque não sou militante do PCP e não tenho de me imiscuir na escolha do próximo secretário-geral do partido;
5 - Não votei Moura porque seria injusto para Serpa e Pias;
6 - Não votei Coelho porque ainda não cheguei à Madeira nem a S. Paulo.

Chega? Ou querem que acrescente que estou farto de votar como refém da esquerda (o que sempre aconteceu com as excepções das candidaturas de Jorge Sampaio)?


UM IMENSO ADEUS

«Raros são os dias definitivos na vida de um homem - os dias singulares em que a lembrança recorda à flor da imagem a perfeição absoluta de uma eternidade passageira. Contam-se pelos dedos os dias totais em que do amanhecer ao fim da luz se completou um trânsito de felicidade, ao mesmo tempo telúrico e marinho, uma bênção de existir, um valer a pena contrabalançar horas de angústia, sofrimentos, maus humores, obrigações horárias terríveis do horrendo dia da cidade. São dias sem profissão em que o ser se liberta e procura na imagem a introspecção plena de uma alegria ingénua, admirativa, de exclamar, sem mais adjectivos, a não ser os banais que o limitado vocabulário ensinou.»

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O QUE ESTAMOS A PAGAR

«A crise mundial de 2008 foi um desastre «evitável» causado por falhas generalizadas na supervisão governamental das operações financeiras, má gestão empresarial e jogadas de risco negligentes em Wall Street, concluiu um inquérito federal nos Estados Unidos.

A comissão que investiga a crise apontou o dedo em várias direcções: acusou duas administrações, culpou a Reserva Federal (FED) e outros reguladores por terem permitido uma mistura calamitosa de operações: empréstimos hipotecários nefastos, venda de dívidas a investidores e apostas arriscadas em títulos suportados pelas dívidas.»

SOL



WEST COAST NEWS (NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA EM INGLÊS TÉCNICO)


«O director-geral da Administração Interna e o director da Administração Eleitoral demitiram-se hoje na sequência dos problemas registados no passado domingo durante as eleições devido às dificuldades que milhares de eleitores tiveram em votar.»

Público

INTERVALO MUSICAL

DE OUTROS


«Os tiranos execram aqueles que escapam às suas esquadrias.»

Baptista-Bastos

DN

AMARO DA COSTA REVISITADO?

«Juiz assume ameaças sofridas no processo dos submarinos»



«I»

UM IMENSO ADEUS

«Ainda meio dormido, às vésperas dos oitenta anos, estendo o braço, toco teu corpo, sinto teu calor, tua respiração. Amanhece, a luz do novo dia desponta ténue na barra da manhã, penso nos privilégios que detenho, mordomias. Teus olhos, teu sorriso, seus seios, o ventre, a bunda, a inteireza, a decência, a mansidão, o devotamento. A vida nasce de ti na madrugada.»

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

UM REI


No domingo, foi a noite do pequeno presidente.
Hoje, a RTP1, sem que eu saiba muito bem porquê, está a proporcionar-me a noite do Grande Rei.
E eu, republicano desde o berço, estou a adorar.
É que este Rei deu-me muitas alegrias.
Falo do Eusébio, o Grande Rei da democrática República benfiquista.


FAÇA-SE JOSTISSA


Atribua-se ao indigente o Rendimento Social de Inserção e um cartão do Serviço Nacional de Saúde.
JÁ!

FAÇA-SE JOSTISSA

Julgamento do BPN adiado por falta de sala

Pelo andamento da carruagem e com um pouco de sorte, ainda teremos o Madoff (esse expoente máximo do neoliberalismo, tão injustamente condenado a 150 anos de prisão) a assistir à leitura da sentença (1ª instância!) do caso BPN.

UM IMENSO ADEUS

EL AMENAZADO

Es el amor. Tendré que ocultarme o que huir.
Crecen los muros de su cárcel, como en un sueño atroz. La hermosa máscara ha cambiado, pero como siempre es la única.
De qué me servirán mis talismanes: el ejercicio de las letras, la vaga erudición, el aprendizaje de las palabras que usó el áspero Norte para cantar sus mares y sus espadas, la serena amistad, las galerías de la Biblioteca, las cosas comunes, los hábitos, el joven amor de mi madre, la sombra militar de mis muertos, la noche intemporal, el sabor del sueño?
Estar contigo o no estar contigo es la medida de mi tiempo.
Ya el cántaro se quiebra sobre la fuente, ya el hombre se levanta a la voz del ave, ya se han oscurecido los que miran por las ventanas, pero la sombra no ha traído la paz.
Es, ya lo sé, el amor: la ansiedad y el alivio de oír tu voz, la espera y la memoria, el horror de vivir en lo sucesivo.
Es el amor con sus mitologías, con sus pequeñas magias inútiles.
Hay una esquina por la que no me atrevo a pasar.
Ya los ejércitos me cercan, las hordas.
(Esta habitación es irreal; ella no lo ha visto.)
El nombre de una mujer me delata.
Me duele una mujer en todo el cuerpo.


II (E ÚLTIMO) AVISO À NAVEGAÇÃO

Passei a infância (feliz, muito feliz) entre malta de pé descalço. Fiz com eles amizades que ainda hoje mantenho. Com eles aprendi coisas que nunca mais esqueci. Desde logo, a linguagem de rua com todas as palavras que os dicionários escondiam.
Entrei para a escola primária, analfabeto como convinha, mas licenciado em palavrões (e outras pequenas patifarias).
No 'peão' de estádios de futebol da minha juventude, aproveitei sempre a presença dos árbitros para aprimorar a linguagem e fiz um mestrado na matéria.
Na tropa, em três anos, a linguagem casernícola proporcionou-me um doutoramento.
Sou, pois, um perito em português latrinário e não coro quando ouço ou leio o português de moços de estrebaria.
Entendo, porém, que este blog (e, já agora, a minha página do facebook) não é o sítio ideal para demonstrações de sapiência em tal matéria e, por isso, não deixo aqui rasto da minha formação académica na arte do palavrão. (Nem deixo, obviamente, que ele circule sub-repticiamente na caixa de comentários com anónima autoria ou, o que é pior, subscrito por alguém que, senhor de imensa riqueza vocabular, insiste na vulgaridade de uma linguagem imprópria).
Disse e repeti. Assunto definitivamente encerrado!

RANCORES


Mário Soares considera que Cavaco foi rancoroso no discurso de vitória.

Certo.
Mas houve outro rancor silencioso que a história registará como uma nódoa indelével na biografia de Mário Soares.
Certo?

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A ALFARROBA CAI-ME MAL...

1000

INTERVALO MUSICAL

DE OUTROS

« O algarvio regressa a Belém empurrado pelos acasos da fortuna, pelos equívocos da época, pelo cansaço generalizado dos portugueses e pelos desentendimentos das esquerdas (tomando esta definição com todas as precauções recomendáveis). Vai, também, um pouco sacudido pelo que do seu carácter foi revelado. Cavaco não possui o estofo de um Presidente, nem um estilo que o dissimulasse. Foi o pior primeiro-ministro e o mais inepto Chefe do Estado da democracia. Baço, desajeitado, inculto sem cura, preconceituoso, assaltado por pequenas vinganças e latentes ódios, ele é o representante típico de um Portugal rançoso, supersticioso e ignorante, que tarda em deixar a indolência preguiçosa. Nada fez para ser o que tem sido. Já o escrevi, e repito: foi um incidente à espera de acontecer. Na galeria de presidentes com que, até agora, fomos presenteados, apenas encontro um seu equivalente: Américo Tomás. E, como este, perigoso. Pode praticar malfeitorias? Não duvido. Sobre ser portador daqueles adornos é uma criatura desprovida de convicções, de ideologia, de grandeza e de compaixão. Recupero o lamento de Herculano: "Isto dá vontade de morrer!"»

Baptista-Bastos
DN

ELEMENTAR, MEU CARO ALEGRE


- 308.000 votos.
Por extenso: menos trezentos e oito mil votos foi o valioso contributo do Sócrates e da sua organização para a candidatura de Manuel Alegre.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O (MEU) ORGULHO NAS ORIGENS


Votação na cavacal figura:

Total global - 52,91%

Dist. de Beja - 33,31%

ENTÃO, TENHAM OS DOIS UM LINDO FUNERAL

O primeiro-ministro qualificou Manuel Alegre como um “exemplo de combatividade cívica” e disse ter sido “com orgulho que todos os socialistas estiveram a seu lado nesta campanha eleitoral”.
Público

[Manuel Alegre] "Sou do PS e estou com o PS, para o bem e para o mal". Antes já tinha dirigido um agradecimento especial a José Sócrates.
Expresso

A GARGALHADA DO DIA

"Vim dar um abraço a Manuel Alegre e espero ter um lugar no Conselho de Estado porque não sou menos do que Dias Loureiro."

Rui Zink
(CM)

PRESIDENCIAIS 2011


Em 2005, concorrendo com Cavaco Silva´(50,54%), Mário Soares (14,31%), Jerónimo de Sousa (8,64%), Francisco Louçã (5,32%), Garcia Pereira (0,44%) e sem o apoio do Sócrates e da sua organização, Manuel Alegre obteve uma votação de 20,74%.

Em 2011, concorrendo com Cavaco Silva, Fernando Nobre, Francisco Lopes, Defensor Moura, José Manuel Coelho e com o apoio do Sócrates e da sua organização, Manuel Alegre ficará entre os 17,2 e os 21,2%.
Quem quiser que tire conclusões.














PRESIDENCIAIS 2011

Abstraindo o facto, não despiciendo, aliás, de a minha voz ser daquelas que não chegam ao céu, quem sou eu, sim, quem sou eu para dar conselhos a Manuel Alegre?
Andava eu de bibe na escola primária e já ele politicava na faculdade, em Coimbra. Andava eu nos cafés de Beja e Campo de Ourique a sonhar com assaltos ao Palácio de Inverno e já ele, depois de luandense conspiração, se movimentava com à-vontade nos meios dramaticamente intriguistas de Argel. Andava eu armado em parvo nas ruas de Lisboa ‘a defender a revolução’ e já ele estava sentado em S. Bento.
Senhor deste miserável curriculum, quem sou eu, pois, para dar conselhos a Manuel Alegre?
Mas, se por milagre em que a nossa história é fértil, aliás, tivesse sido chamado a assessorar o presidencial candidato, ter-lhe-ia dito: “Não vá por aí!».
Era óbvio, desde o primeiro momento, que a segunda candidatura do poeta à presidência da República, com a estratégia adoptada, estava destinada a um rotundo e estrondoso fracasso.
A rebeldia da primeira candidatura foi substituída pela submissão ao apoio traiçoeiro e fatal da organização do Sócrates. A independência ficou ferida de morte com os agradecimentos ao presidente e secretário-geral da organização do Sócrates, no acto de apresentação pública da candidatura. A campanha eleitoral foi um penoso percurso de contradições gaguejadas à esquerda, ao centro e à direita (com excepção do discurso de encerramento da campanha - que foi bom).
Os resultados estão à vista. Resta a saída de cena pela esquerda baixa e o regresso à poesia.
Venham os versos!

PRESIDENCIAIS 2011

Vamos ter por mais cinco anos, na Presidência da República, um reaccionário, um político amorfo, um inculto radical.
Obrigado, nobre povo.
Obrigado, nação valente.

A RÁBULA


A abstenção ganhou com maioria absoluta.
Os responsáveis pelo esgoto a céu aberto estão todos a passar nas televisões, representando a rábula da preocupação que os assalta.
No comments (inglês técnico).

O FABRICANTE DE BARRACAS

O patusco que está de ministro da Administração Interna soma e segue.
Soma: barracadas - desta vez foi com os cadernos eleitorais, cartões de eleitor e cartões de cidadão.
Segue: no lugar - porque presidir à missão de revisão dos códigos penal e de processo penal sempre dá uma certa segurança... e em Portugal não há jasmins.

INTERVALO MUSICAL

GLOBALIZAÇÃO

«Documentos diplomáticos norte-americanos filtrados pela organização Wikileaks dão conta da corrupção generalizada que se vive actualmente em todos os sectores da vida pública cubana. O jornal “El País”, que teve acesso aos documentos filtrados, fala de subornos, comissões ilegais, tráfico de influências e de práticas corruptas sistemáticas numa sociedade ameaçada pela penúria.»
Público

A DOENÇA

Segundo D. Policarpo, a abstenção é a doença da democracia.

Com devido e beato respeito, não concordo.
A abstenção é apenas o vómito causado pela doença da democracia: a corrupção.


AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES

Alemanha quer jovens portugueses licenciados

No nosso país, há perto de 50 mil licenciados que não encontram emprego


CM

REFLEXÃO (IMPORTANTE!)

Actualmente existe, em Lisboa, uma livraria absolutamente única no
país: uma livraria integralmente dedicada à poesia.

Sucede, contudo,que, apesar de fantástica, ela encontra-se com alguma
dificuldade em
sobreviver. O que não se compreende: tem à sua frente um jovem
livreiro que, além de extremamente eficiente, como verão, possui um
total conhecimento do que está a vender: conhece os autores, as
edições, tudo.

A livraria de que vos falo chama-se Poesia Incompleta, fica na Rua
Cecilio de Sousa nº 11 (Príncipe Real) e vai com certeza ser uma
revelação para quem a visitar.
Abrange todas as épocas e o que não tem, o Mário, o dito livreiro,
arranja, normalmente - e com uma
brevidade que, no mínimo, surpreende.

Peço-vos - a vos que sois leitores, presumo - que façam uma visitinha
a este sitio, que não pode de maneira nenhuma fechar e que, pela sua
qualidade, vai-se tornar, mais tarde ou mais cedo, como aliás disse
Vasco Graça Moura, num local de culto.

Isto, claro, se não fechar, coisa que, passando a palavra e
recomendando a amigos este tão
singular espaço, podemos evitar.

(recebido por e-mail)

sábado, 22 de janeiro de 2011

REFLEXÃO

A PROTECÇÃO CIVIL

Antigamente, «Agasalha-te porque está frio» ou «Vai pela sombra que o sol está quente» eram frases correntes em casas habitadas por famílias constituídas por gente com dois dedos de testa.
Agora, essas instruções estão a cargo da Protecção Civil por delegação das famílias que, na sua maioria, reivindicam o emagrecimento do Estado.
Vá lá a gente perceber isto...

PARA AJUDAR À REFLEXÃO

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA

«"No jobs for the boys", foi a famosa tirada de António Guterres na primeira reunião da direcção do PS depois da vitória nas legislativas de 1995. O aviso tinha o objectivo de acalmar o apetite do aparelho socialista, afastado há dez anos do poder. No entanto, os números mostram que os boys não só têm um apetite insaciável, como sempre tiveram jobs. Os períodos imediatamente antes e depois de todas as eleições legislativas entre 1980 e 2008 foram aqueles em que as empresas públicas mais trabalhadores contrataram. "É evidente que são casos de compadrio ou nepotismo."
A conclusão é de Pedro Martins, professor de Economia Aplicada na Faculdade Queen Mary, da Universidade de Londres, que realizou o estudo.»
«I»

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

PRESIDENCIAIS 2011 (A CAMPANHA)

«Um obsceno chorrilho de promessas impossíveis de cumprir, um deserto de ideias»
António-Pedro Vasconcelos

«Foi uma campanha reles»
Frederico Lourenço

«As palavras vazias e a falta de qualquer ideia foram tão grandes que pergunto apenas se os candidatos se olham ao espelho»
Irene Pimentel

«Tenham pena de nós!»
João Botelho

«Pensara votar em branco, branquíssimo. Mas vou votar em preto, com tinta indelével»
Jorge Silva Melo

«Uma maior erosão da democracia portuguesa. Isto é: um fosso maior entre cidadãos e classe política»
José Gil

«O regresso do pior Cavaco»
Manuel Loff

«Nesta campanha até temos o BPN como uma verdadeira Casa dos Segredos»
Nuno Artur Silva

«O voto, sendo um dever, será um céptico, um melancólico, um doloroso dever»
Pedro Tamen

«Esta campanha assustou-me, sente-se a força do passado a querer prender-nos os pés ao chão»
Teresa Villaverde

"Público"


PRESIDENCIAIS 2011 (A DEMAGOGIA)

O que disse o candidato Aníbal António:

«Esta é a minha senhora. Trabalhou praticamente a vida toda. Sabe qual é a reforma dela? Não chega a 800 euros por mês.»

O que não disse o candidato Aníbal António:

«O que vale à minha senhora são as minhas duas pensões que, somadas, sempre rendem uns míseros 10.042 euros.»

(Em boa verdade, não quero saber das pensões do casal Silva. Do que eu gostei mesmo foi de "a minha senhora". O presidente da Junta de Poço de Boliqueime não diria melhor).