quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

VOTOS PARA 2009


Em 2008, soubemos pela imprensa estrangeira que tínhamos:
1 - O melhor futebolista do mundo (France Football);
2 - O pior ministro das finanças da Europa (Finantial Times);
3 - O primeiro-ministro mais elegante do mundo (El Mundo).
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Que 2009 nos traga:
1 - O pior futebolista do mundo (podem votar em mim);
2 - Um ministro das finanças um bocadinho, só um bocadinho, melhor;
3 - Um primeiro-ministro sem fatos de marca, mas com uma ou duas ideias de marca (assim uma espécie de 'magalhães' em carne e osso).
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E, pronto, são os meus votos.
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PM

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

UM IMENSO ADEUS


(Com um abraço para os meus amigos Géni Mendes e Chico Cal - eles sabem porquê).
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«Pero la serie de errores llegó a su colmo con el idilio entre Aznar y Bush. Aquella foto de los dos con los pies sobre la mesa, en el despacho oval o en el rancho de Texas, sonrientes, mirándose con ternura, no como dos amantes sino como dos genios que se descubren y se han puesto de acuerdo para cambiar el mundo...! La solemnidad majestuosa con que afirmaba: «Se lo aseguro a usted. Sadam Husein está en posesión de armas de destrucción masiva.»! Y como si él mismo las hubiese visto y tocado con sus propias manos, sólo porque el «amigo george» se lo había contado.
Y estos dos «genios», junto con Blair, decidieran la invasión de Irak».
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UM ÉPICO MANGUITO

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Estamos todos metidos num navio cheio de rombos neo-liberais e a meter água por todos os lados.
E o comandante e o imediato, num camarote de primeira classe, discutem o 114 (o número do artigo do estatuto dos Açores causador de todas as divergências no seio do povo do centrão).
Vai sendo tempo de os candidatos a náufragos os brindarem com «um formidável, um colossal, um épico manguito», como recomendava o 'Sindicalista' em tempos de I República.
E 2009, com tantas eleições, é ano propício para tal.
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PM

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

CLUBE DOS POETAS VIVOS


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Lançamento anunciado para 31 de Janeiro de 2009.
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O ano começa bem.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

UM IMENSO ADEUS


PARA NÃO FALAR
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.HELDER MOURA PEREIRA
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Círculo de Poesia - Moraes Editores
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PERTO MUITO PERTO
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Chego ao pé do limite,
o corpo cansado
traz as setas
do sono e a noite
é uma alegria surda.
Onde tudo acontece
passam as imagens,
pressinto as nuvens
sobre os navios, o eco
de sons de aviso.
Como se inquieta
a cabeça tocando outra
na luz atravessada
de luzes. Chego à ponta
dos dedos, à esquina
da memória, adormeço, não
adormeço, canto
para adormecer.
Tudo parte de baixo
para a paisagem
do tecto, alegro-me
porque não é preciso
falar. O que sentes
está aí tão à vista,
desaba sobre os olhos
o falso espaço
da casa. E a manhã
perde a luz
que as palavras
inventaram.
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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

PRÉMIO LITERÁRIO







Um júri presidido por O. e Costa e constituído por J. Gonçalves, Joe B., e V. e Azevedo acaba de atribuir o prémio literário 'Alves dos Reis', para o melhor livro de ficção neo-liberal-2008, à obra «João Rendeiro - Testemunho de um Banqueiro».

O título rapidamente atingiu, em Portugal, o Top de vendas (com preços especiais para os clientes do BPP) e vai ser editado nos Estados Unidos, com tradução de B. Madoff.
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HUMBERTO DELGADO


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

SAPATEADO IRAQUIANO

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Perguntas com sapatos a quem sempre pensou com os pés:

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Foi durante uma conferência de imprensa que um iraquiano indignado descalçou-se e atirou os dois sapatos em direcção à cabeça do ainda presidente norte-americano. O homem foi imediamente retirado.
(Visão)
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domingo, 14 de dezembro de 2008

UM IMENSO ADEUS



«Arístides de Sousa Mendes era un hombre triste y solemne, sí. Pero como yo lo apreciaba mucho, creo haber sido el único de todos los que lo conocieron capaz de discernir un curioso sentido del humor en las cosas que hacía y decía. Su modestia era genuina y su paciencia con los rigores de su precaria y aburrida vida, infinita. No me sorprende en absoluto que sucumbiera a los encantos de mademoiselle Cibial aunque ello acabara acarreándole grandes quebraderos de cabeza.

Como amigo, por otra parte, el aspecto para mí más simpático de su personalidad era su modo irreverente y poco respectuoso con la autoridad. En gran medida, este carácter indisciplinado (más fruto del desorden que de otra cosa) le honraba, aunque por desgracia llegó a arruinarle la vida. Sus enemigos en el ministerio de Lisboa lo tenían en el punto de mira y se abalanzaban sobre él a la menor infracción reglamentaria: un pequeño viaje sin permiso, una demora en la rendición de cuentas consulares, un informe requerido y nunca enviado, mínimas estupideces que Arístides despreciaba con razón (aunque sin tener conciencia de lo que arriesgaba con el desafío) pero que iban cavándole una tumba administrativa cierta.»

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

PASSAR AO LADO DOS JOGOS OLÍMPICOS

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Naqueles nossos gloriosos tempos de BCG (Bailes, Copos, Garotas) eu e o Martins, o M. F., conhecido pelo povo feminino do Liceu e adjacências por 'Galã', aventureiros de meia-tijela, viajávamos para o Carnaval do Algarve com um orçamento individual de cem escudos para viagens, comeres, dormidas, copos e cigarros.
Com tal orçamento de rigor, desnecessário se torna dizer que a sobrevivência se fazia à conta de boleias e cravanços de refeições e quartos. A capa e batina ajudavam os nossos exercícios de sedução e lá nos íamos safando (em comida e outros prazeres inocentes).
Certa vez, em Faro, em 1965, conseguimos jantar e dormida em casa de uma menina que vivia só com a mãe, jovem e bela. Enquanto devorávamos os bifes com batatas fritas, as nossas mentes perversas antecipavam as cenas orgíacas que se sucederiam.
Porém, não foi assim. Depois do jantar, a senhora abriu um livro e dissertou sobre a religião Bahá'i até às três horas da madrugada. Regressámos ao quarto exaustos e frustrados e afogámos as nossas mágoas em meia garrafa de brandy.
Lembrei-me disto porque li, hoje, num jornal diário, que a religião Bahá'i ajudou o Nelson Évora a conquistar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. E uma dúvida se me levantou: será que eu e o 'Galã' poderíamos ser hoje atletas olímpicos medalhados se, naquela noite, em vez de ocuparmos os nossos cérebrozinhos com ideias pecaminosas, tivessemos atentado nas palavras redentoras da senhora?
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PM

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O PANO E A NÓDOA


Acabo de ver, na RTP 1, um excelente documentário sobre José Saramago, a propósito do décimo aniversário da atribuição do Prémio Nobel.
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Pena que estivesse conspurcado com a presença de Lara, o Sousa da 'Universidade Moderna' e sub-secretário de Santana e Cavaco, mas o rigor histórico a isso terá obrigado. E a História é feita com bons panos e nódoas ruins.
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PM

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

MATERNAL CONSELHO

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Ao que parece, a reputação dos senhores deputados anda pelas ruas da amargura. Eles bem nos pedem respeito pelas instituições, mas, depois, as viagens, as faltas e outras figuras tristes deitam tudo a perder.
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Agora, e mais uma vez, o irresistível apelo de um fim-de-semana prolongado condicionou o resultado de uma votação politicamente relevante.
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A trapalhada é de tal ordem que não se sabe, ao certo, quem de facto estava ou não estava no hemiciclo, no momento da votação. Os números oficiais de presenças e ausências não coincidem com os números dos votantes. Enfim, o parlamento no seu melhor...
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Numa tentativa de desculpabilização dos faltosos, vem o deputado Guilherme Silva (PSD) apelar à nossa compreensão: «A deslocação dos deputados para regressarem aos fins-de-semana às suas famílias tem uma componente humana que também é respeitável».
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Quando entra a 'componente humana', eu rendo-me. E, quando entra o amor à família, não consigo reter as lágrimas. E é emocionado que imagino um maternal conselho:
- Deputa, filho, deputa. Mas, à sexta-feira, balda-te.
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PM

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

UM IMENSO ADEUS



.A PIDE, modo de viver...
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Esta aconteceu com o meu querido amigo, Luís Borges de Castro, homem bom e atencioso. Se todos fossem como ele, tudo andaria bem. Ele era Presidente do então Grémio Nacional dos Editores e Livreiros, onde o Augusto Sá da Costa era Tesoureiro e eu, Secretário. Estávamos numa reunião de rotina quando surge a Pide para prender o Augusto Sá da Costa. Para quem não passou ainda por estes transes posso dizer que não é muito agradável: dois pides num gabinete criam imediatamente uma atmosfera tensa e instala-se nas pessoas um imenso mal-estar. Mas aconteceu que os pides não tinham levado papel azul para escrever o auto de prisão e então um deles mandou o subordinado, de eléctrico, do Largo do Andaluz à António Maria Cardoso, buscar papel. Durante cerca de uma hora continuámos naquela atmosfera de cortar à faca, com uma ou outra interrupção, género, o pide a pedir-me para eu ser testemunha, eu a dizer que nem como testemunha queria participar na prisão do Dr. Sá da Costa, o Augusto Sá da Costa a dizer-me que era uma honra para ele se eu assinasse o auto e coisas assim. O Luís Borges de Castro tentava quebrar aquele gelo e desdramatizar a situação fazendo intervenções comedidas. Depois havia silêncios longos, incómodos.
Todos estávamos cientes desta incomodidade. O Luís, então, para desanuviar, volta-se para o pide e perguntou, palaciano, como se aquilo fosse um modo de vida como outro qualquer:
- Então, têm prendido muita gente?
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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

SANTA INGENUIDADE


«O meu grande erro: acreditar nos nossos serviços secretos de que havia armas de destruição massiva no Iraque».
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George W. Bush
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