sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

ELEMENTAR, MEU CARO WATSON




Quem não percebe que comprar um artigo por um preço 25% superior ao seu valor de mercado é um bom negócio, poderá ter boa nota no exame de matemática da D. Maria de Lurdes, mas nunca chegará a administrador da Caixa Geral de Depósitos.

DIÁSPORA



Bendita Pátria que tais filhos tem:

Um cherne (estragado) em Bruxelas;

Um cão na Casa Branca.

É a diáspora.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

CÓDIGO DO TRABALHO


Um jornalista que trabalhou no 'Diário de Notícias', desde 1977, foi despedido em minuto e meio.
Uma empresa de Peniche, com cem trabalhadores, levanta processos disciplinares a setenta deles.
A Autoridade para as Condições de Trabalho detectou, na região de Aveiro, uma taxa que rasa os cem por cento de infracções das leis laborais em estabelecimentos de diversão nocturna associados ao alterne.
A amostra, recortada das notícias de hoje, dá para admitir que caminhamos a passos largos e firmes para os tempos da 'Alegria no Trabalho'. E não há sector de actividade que escape...
PM

DRENAR

De acordo com o 'Academia', 'drenar' é (também) fazer convergir para determinado local valores, pessoas.
Segundo o dicionário do carnaval de Paredes de Coura, DRENAR é margaridamoreirar, isto é, actuar conforme instruções da DREN escritas em português de estrebaria.
Se os professores contam anedotas sobre o maioral da quinta ou se recusam a desfilar no carnaval vestidos com apalhaçado rigor, são drenados para a secção de processos disciplinares.
Drenemos, pois. E até podemos começar pelos pântanos de Alcochete que também precisam de ser drenados.
PM

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

DENÚNCIA


Exmo. Sr.
Comandante da PSP de
BRAGA
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Soube pelos jornais que as forças que V. Exa. tão brilhantemente comanda apreenderam, numa feira de livros de saldo, exemplares de um livro sobre pintura, pornograficamente capeados com a reprodução do quadro de Gustave Courbet, significativamente denominado 'A Origem do Mundo' (olhar, DISFARÇADAMENTE, para a imagem do lado).
Não pertenço,graças a Deus, a essas esquerdas, plebeias ou chiques, em quem só apetece malhar e que, certamente, já se preparam para morder as canelas de V. Exa. Antes pelo contrário, defendo intransigentemente todos aqueles que, como V. Exa. e os zelosos agentes que enquadra, se batem sem desfalecimento contra a dissolução dos costumes. E até me disponho a ajudá-los deixando aqui esta
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DENÚNCIA:
Circula por aí, em feiras de livros de saldo, alfarrabistas e livrarias manhosas, uma brochura (não confundir com um expositor de broches) da autoria de um tal Luiz José Machado Gomes Guerreiro Pacheco, de seu nome completo, que também assinava Luiz Pacheco, assumido 'bi', libertino e abjeccionista, com o sugestivo título «O LIBERTINO PASSEIA POR BRAGA, A IDOLÁTRICA, O SEU ESPLENDOR».
Deixo-lhe aqui, sr. comandante, dois extractos do livrinho para que V. Exa. possa apreciar devidamente o esplendor do libertino:
«A trupe das estúpidas, porém, escolhe um banco lá prò fim e depois ficam todas sentadas e de costas umas para as outras e caladas. Domingos divertidos passam estas raparigas em Braga! quase quanto como o V. S. a preparar as suas petições para o ministro limpar o rabo a elas. Crio fastio de posar ao grão-senhor, distraído e benevolente com a paisagem. E começo a deambular, de árvore para árvore, e vou comprar castanhas ao cimo duma escadaria porque as duas miúdas broncas para coisas de entre-pernas vieram também ali abastecer-se; o meu fito era chegar à fala com elas e daí às mais graúdinhas. Começo a comer castanhas e fico raivoso - ou embuchado? Escrevo então dois bilhetinhos (de que desculparão o estilo parvóide: nestas coisas de engates de miúdas e, até, de graúdas, segundo opinam os entendidos, quanto mais estúpidas as declarações de amor mais resultado dão, aqui a intenção, a sugestão é tudo), em folhas arrancadas da agenda, assim: 'Preciso muito de falar consigo, diga-me o seu nome e morada'; outro assim: 'Lambia-te toda, desde as maminhas até ao pipi. Verás que gozo, é melhor que bom', em linguagem infantilizada, a ver se pega.
Mas há mais, sr. comandante, e pior. Ora leia:
«- Estão a meter-se comigo - diz o meu companheiro cheio de calma. Voltamos a ficar sós na estrada. Parece-me que já consigo agora distinguir as tais duas luzes do quartel. Devo-lhe uma explicação.
- Gostas de broche?* - pergunto e encaro-o fito nos olhos, muito sério, muito natural.
- An, nem por isso - responde sempre calmo.
- Pois é só o que eu te posso fazer - digo, como se me desculpasse de não ser o Calouste Gulbenkian».
Pois, sr. comandante, já percebeu, pela amostra, o conteúdo do livrinho. e também já percebeu que se torna urgente a apreensão dos exemplares que por aí andam em alfarrabistas, feiras de livros, bibliotecas e outros sítios mal frequentados. É buscar, é buscar! É farejar, é farejar! E não se inibam se ouvirem dizer que esse tal Pacheco era um grande escritor. Isso é conversa de esquerdas. É malhar! é malhar!
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A BEM DA NAÇÃO
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PM
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* Não confundir com brochura




INCENTIVOS À PRODUÇÃO



Em dia de Carnaval, leio no 'Diário de Notícias':
O administrador da Bragaparques, Domingos Névoa, foi ontem condenado pelo Tribunal da Boa Hora, em Lisboa, a 25 dias de multa a 200 euros cada, totalizando cinco mil euros, pelo crime de corrupção activa para prática de acto lícito.
Fico sem saber se a sentença é um castigo ou um incentivo.

domingo, 22 de fevereiro de 2009


Da 'SIC-NOTÍCIAS' com a devida vénia:

O irmão de Carlos Guerra foi nomeado para o Eurojust pelo próprio governo de José Sócrates. Carlos Guerra, de nome próprio Carlos Alberto Moreira Alves de Oliveira Guerra é o ex-presidente do ICN, que autorizou a viabilização Freeport e também a alteração ZPE do Estuário Tejo. É irmão do procurador da República José Eduardo Moreira Alves de Oliveira Guerra, que foi destacado pelo governo de José Sócrates para o Eurojust em 01 de Outubro de 2007, por despacho do ministro da Justiça Alberto Costa e do ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado É pelo Eurojust que passa a ligação entre as autoridades portuguesas e inglesas no caso Freeport. Em 2007, quando o governo de Sócrates nomeou o irmão do homem que viabilizou o Freeport para o Eujust já decorriam as investigações ao Freeport. De resto, o presidente do Eurojust, José Luís Lopes da Mota é um português que já foi colega de governo de José Sócrates e viu a nomeação renovada por este governo, em 24 de Abril 2007. Foi secretário de Estado da Justiça de António Guterres, entre Março de 96 e Outubro de 99 e terá sido indicado pela primeira vez para a equipa que constituiu o Eurojust pelo póprio governo de Guterres. O outro membro nacional do Eurojust é António Luís dos Santos Alves, que também viu a nomeação renovada por este governo em Abril de 2007. Foi Inspector-geral do Ambiente entre Dezembro de 2000 e Agosto de 2002, por escolha e nomeação do próprio José Sócrates. Carlos Guerra também foi nomeado para presidente do Instituto de Conservação da Natureza, pelo governo de António Guterres. Na família Guerra há ainda um terceiro irmão, também procurador da República, João Guerra, o procurador que liderou as investigações do processo da Casa Pia. Entretanto, o jornal Expresso revelou outras informações sobre a família Guerra. Carlos Guerra, que deu luz verde ao projecto, trabalhou como consultor privado para Manuel Pedro, um dos arguidos do processo. Carlos Guerra admite que trabalhou directamente para Manuel Pedro, entre Fevereiro e Dezembro de 2004 e lembra que durante esse período não tinha qualquer ligação à Administração Pública.

ENTENDIDO


Do 'Diário de Notícias' com a devida vénia


Prescrição de crimes ameaça caso Freeport CARLOS RODRIGUES LIMA

Polémica. Uma pequena diferença pode ser decisiva para o futuro do processo: se se considerar como "lícita" a viabilização do 'outlet', mesmo com eventuais subornos ou influências, os crimes de corrupção e tráfico de influências já prescreveram. O prazo apenas aumenta se o acto for considerado "ilícito"Freitas do Amaral afasta existência de ilegalidadesA diferença entre um chamado "acto lícito" e um "acto ilícito" pode ditar o futuro do caso Freeport. Como? Se a decisão que viabilizou o empreendimento for, independentemente de terem existido eventuais subornos, considerada legal, então crimes como corrupção, passiva e activa, e tráfico de influências já prescreveram. Apenas eventuais crimes de participação económica em negócio poderão ser investigados, já que o prazo de prescrição é de 10 anos.

HIGIENE



Nunca li o jornal 'O Crime'. Mas pelas manchetes que vou espreitando no quiosque, dá para ver que o periódico só se interessa por gente que usa camisas sujas de sangue, que é investigada, que é julgada e que (vejam só) chega a ser condenada.

Não me interessa.

Fico-me pelo 'Expresso' e pelo 'Sol' que me falam de gente que toma banho, que veste camisas de colarinhos brancos e fatos de boas marcas, anda em carros de alta cilindrada, tem contas 'offshore', gente que está no poder ou o frequenta, que poupa ao Estado as despesas de investigação, julgamento e estadia em cadeias.

É certo que o tema é o mesmo: criminalidade. Mas há uma diferença essencial: o asseio.

PM

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

UM IMENSO ADEUS


«J'ai peut-être cessé d'être sartrien le jour où j'ai renoncé à vivre dans des appartements sartriens, c'est-à-dire deux pièces purement fonctionnelles, une table, un lit, une bibliothèque, d'énormes cendriers pleins, une affiche révolutionnaire au mur, une cuisine abandonnée et une femme de ménage pour le minimum. Je suis même arrivé -inconscient mimétisme - à rester un an sans frigo. L'existentialisme se signale par un refus de la vie domestique au profit des restaurants et des bistrots. La trentaine passée, j'ai déménagé pour le plaisir, j'ai acheté des meubles, posé des rideaux, accroché des tableaux, fait la cuisine: c'était trahir.»

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

UM PROBLEMA DE LIQUIDEZ






As dúvidas dissiparam-se: o estado pré-comatoso em que o ministro das finanças do Japão se apresentou numa conferência de imprensa, após a reunião dos 'G7', prova que os nossos incansáveis líderes estão verdadeiramente preocupados com a liquidez dos mercados.
Efeitos dos medicamentos para a gripe, disse ele.
Compreendi-te, digo eu, parafraseando o Vasco Santana naquela cena em que, também ele, estava sob os efeitos dos medicamentos 'made in' termas do Cartaxo.








O EIXO DO BEM


Ao que parece, o 'Eixo do Mal' foi bom para alguns.
Os fluxos financeiros para a 'reconstrução' do Iraque estão na origem de mais um escândalo financeiro que destronará, inexoravelmente, o sr. Madoff do primeiro lugar do pódium dos grandes vigaristas.
Ao pé disto, o caso BPN não passa de uma anedota provinciana e grosseira que só serve para divertir os 'olímpicos' vígaros americanos nestes jogos olímpicos neo-liberais.
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PM

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

UM IMENSO ADEUS


«J. C. não acha graça, diz: merda de pátria, azar ter caído aqui, ninguém nem nada me consola, desastre de ter tomado o comboio errado, em descensão há séculos, apodrecido por dentro, por fora velho cagado, arrumado em ramal fechado, atacado da demência do passado, mantido em vida por extremo artifício, tresanda a bafio, a morte, a melancolia inglória. Malta tresmalhada em apatia, em desespero sufocada, resignação desconsolada, cansada de outroras glórias exageradas agora pela memória, desgraçada, fácil de contentar a postas de bacalhau, apostas de totobola, lotaria que anda amanhã à roda, frouxa malta, de genica falta, de energia fraca, molengona fantasia e imaginação que mais não dão senão para contar piadas, inventar anedotas, amargas, alarves, palavriado político, calúnia, vigarice. Embebida em estereofonia para esquecer isto, escuto canção que me faz sentir canto, não quem canta, nem instrumento apto a provocar tremores-de-terra na terra tua e minha, capaz de dar connosco em pataratas, única decente saída deste buraco onde nos afundámos, ou nos deixámos afundar, tu grande Janador acompanhado da pequena Maconhesa que contigo embarca nesta nave de loucos, isolada do mundo e à deriva, cortadas as amarras, os contactos com a «realidade»? a isto chamam país? mero flatus vocis, mania quase mansa mas que custou já milhares de mortos em África? não há safa? o exílio no reino? o reino do exílio? resisto, resistes, gageiro, acima acima, o que fores vulcantemente seja, se alce e erga e chegue aos teus máximos mastros, vê se vês terra diferente entre estrume e astros e galáxias que, indiferentes, nos fazem, desfazem, contemplam lá do alto das esferas geladas.»

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

DE OUTROS


«Os adversários políticos não perdoam a quem comete lapsos menores, mas dão a mão a quem é acusado de delitos graves. São feitios.»
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RICARDO ARAÚJO PEREIRA
(VISÃO)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

DE OUTROS


«Disse toda a verdade. Se alguém conhece factos que contrariem aquilo que digo, mesmo que tenham deles mil e uma provas, nada mais são, esses factos, que mentiras e imposturas...[quem quer que] examine com os seus próprios olhos a minha natureza, o meu carácter, a minha formação moral, as minhas inclinações, prazeres e hábitos e continue, mesmo assim, a considerar-me um homem desonesto, merece ser estrangulado.»
.JEAN-JACQUES ROUSSEAU

domingo, 8 de fevereiro de 2009

AS NOITES QUENTES DE S. BENTO


Com a promoção que fizeram à série, eu andava desconfiado. Hoje confirmei:
Durante quarenta anos tivemos, no Palácio de S. Bento, um autêntico macho latino, um tigre da Malásia, um Zézé Camarinha do Vimioso.
Não levem à conta de xenofobia, mas hoje sinto-me muito orgulhoso por ser português.
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PM

AQUI HÁ BRUXEDO




DIÁRIO ECONÓMICO - 5 Fevereiro 2009


A queixa que motivou a investigação da polícia inglesa ao caso Freeport está a ser posta em causa. O grupo Carlyle garante que não há qualquer buraco financeiro nas contas do Freeport PLC.



CORREIO DA MANHÃ - 8 Fevereiro 2009
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Metade do valor total das ‘luvas’ que terão sido pagas a várias pessoas, no âmbito da autorização de construção do Freeport em Alcochete, ficou em Inglaterra. Por isso, a própria polícia inglesa já está a tentar encontrar o rasto a esse dinheiro, que terá desaparecido em Inglaterra. Com este novo dado, o valor total de ‘luvas’ sob suspeita ascende a oito milhões de euros.








sábado, 7 de fevereiro de 2009

DE OUTROS


Eu cá gosto é de malhar na direita e gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam de facto à direita do PS são das forças mais conservadoras e reaccionárias que eu conheço e que gostam de se dizer de esquerda plebeia ou chic»
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AUGUSTO SANTOS SILVA

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O GARANHÃO


Na 'Lavandaria Portugal' continua a operação de limpeza do Presidente do Conselho. (Sosseguem as mentes perversas: refiro-me a Salazar).
O nosso ressuscitado herói equilibrou as finanças públicas, livrou-nos dos malefícios da II Guerra Mundial, defendeu a Fé e o Império pelo módico preço de 10.000 mortos, etc., etc., etc.
Havia um 'porém': a falta de atracção pelo belo sexo.
Descobre-se agora - e a televisão vai mostrar - que o ex-seminarista, afinal, era um garanhão.
E, assim, lá se vai a graça da anedota que se contava naqueles saudosos tempos. Era assim:
Salazar acordava com uma forte erecção, chamava a D. Maria e dizia-lhe: «Apetece-me fazer sexo». E a D. Maria respondia: «Um momento, sr. doutor, trago-lhe já o livro dos decretos».
Belos tempos...
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PM

DE OUTROS






As palavras possuem cores secretas, odores subtis, densidades ignoradas. O discurso político conduz-nos ao nojo da frase. Pessoalmente, tento limpar o reiterado registo da aldrabice e da ignorância com a releitura dos nossos clássicos.
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Baptista-Bastos
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Diário de Notícias - 4-2-2009

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO


Os trabalhadores ingleses querem a expulsão dos seus colegas (ou concorrentes?) portugueses e italianos.
Oportunistas! A aproveitarem-se das ideias da vizinha Manuela. Ignorantes! Não sabem que a teoria só se aplica a ucranianos e cabo-verdeanos.
No mínimo, deviam ser obrigados a pagar direitos de autor.
PM

COISAS SIMPLES


Como é que ninguém se tinha lembrado disto antes?
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Voluntariado. O Governo quer os aposentados de novo nas escolas para auxiliarem nas tarefas não lectivas, como o apoio ao estudo, aos alunos imigrantes, ou nas visitas de estudo. Numa altura em que milhares de docentes se reformam, até com penalizações, e outros tantos estão desempregados, sindicatos dizem que proposta é ofensiva e imoral.
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Este ovo de Colombo foi descoberto pelo secretário de Estado Valter Lemos.
Eu sempre disse que o homem, apesar daquele aspecto, era um crânio.
Arranjem-lhe uma estátua. Já!
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PM

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

UM IMENSO ADEUS






RICOS E POBRES
NO ALENTEJO
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JOSÉ
CUTILEIRO
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1ª Edição Portuguesa:
Sá da Costa - 1977
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(Ensaio de antropologia social publicado em Oxford, em 1971)
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«Até aos primeiros anos da década de 60, o trabalho era de sol a sol (do nascer ao pôr do Sol) e, uma vez que o local de trabalho ficava muitas vezes a quilómetros de distância de casa, isso significava que tinham de sair de casa ainda de noite e regressavam depois do sol-posto. Estas condições representavam, no entanto, já uma melhoria: até aos princípios da década de 40, o trabalho fora de ar a ar (desde o romper da manhã até noite fechada), com frequentes períodos de trabalho nocturno durante as épocas de labor mais intenso. Nas épocas da sementeira e da ceifa, os trabalhadores chegavam a dormir apenas quatro horas por noite. Era uma vida extremamente difícil: os salários eram muito baixos, os benefícios sociais inexistentes e a instrução um objectivo impensável para o filho de um trabalhador rural.»

A TRADIÇÃO


Segundo notícia hoje publicada, a Inspecção do Trabalho detectou casos de mão-de-obra escrava nos campos do Alentejo. Desta vez, as vítimas são imigrantes brasileiros, ucranianos, romenos, moldavos.
Bom, sempre foi mais ou menos assim. Só que, antigamente, os escravos eram alentejanos e ratinhos. Agora, e em tempo de globalização, a tradição mantém-se.
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PM

domingo, 1 de fevereiro de 2009






Confesso que sou fã do Mantorras.
Pelo que ele faz em campo? Também. Mas, sobretudo, pelo que faz fora dos estádios.

Há muitas crianças - em Portugal, em Angola, na Guiné - que sabem o que quero dizer.

UM IMENSO ADEUS








Já aí está. E, a páginas 50, tem este poema do Eduardo Aleixo (timidamente escondido por um pseudónimo) que me acompanhou na viagem do 'Onda Jazz' para o meu exílio alentejano:
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O ROSTO DO VENTO


Gosto da calma das noites

Após a guerra dos dias,

Mas sinto sempre a grande solidão do mundo

Estampada no rosto do vento

Que conhece os segredos

De todos os caminhos...





UMA LUZ AO FUNDO DO TÚNEL


Queremos, verdadeiramente, sair da crise?
Então, deixemos jogar o Mantorras!
Juntemo-nos aos seis milhões que, hoje, não sabem onde fica o Samouco.