quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

OS 53%

Há por aí umas alminhas bem pensantes, partidárias do politicamente correcto, comentadores encartados de televisões, rádios e jornais que insinuam ou explicitamente dizem que um abstencionista é uma espécie de cavalgadura a quem a nossa senhora de Fátima levantou as patas da frente, alguém incapaz de avaliar as mazelas que a sua atitude causa ao sacrossanto regime cleptocrático, também conhecido pela alcunha de 'democracia de sucesso'.
Calma, rapazes. Calma. Pode nem sempre ser assim. E para ilustrar posso dar o meu exemplo, nas recentes eleições presidenciais. Abstive-me porque:
1 - Não votei Cavaco porque não voto em américos thomazes, fardados ou à paisana;
2 - Não votei Alegre porque não voto em quem, abdicando da rebeldia que lhe tinha valido mais de um milhão de votos, se submete aos ditames da organização do Sócrates;
3 - Não votei Nobre porque nunca percebi o discurso atabalhoado do candidato, não sabendo, sequer, se o homem é republicano ou monárquico;
4 - Não votei Lopes porque não sou militante do PCP e não tenho de me imiscuir na escolha do próximo secretário-geral do partido;
5 - Não votei Moura porque seria injusto para Serpa e Pias;
6 - Não votei Coelho porque ainda não cheguei à Madeira nem a S. Paulo.

Chega? Ou querem que acrescente que estou farto de votar como refém da esquerda (o que sempre aconteceu com as excepções das candidaturas de Jorge Sampaio)?