sexta-feira, 31 de julho de 2009

A TRANSPARÊNCIA DO SACO


Descansa em paz, Barros Moura.
Afinal, NO PASA NADA!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


«Desgastado pela possibilidade de não ser eleito deputado, Manuel Mota, actualmente com assento na Assembleia da República, depois de ter sido eleito nas listas socialistas pelo círculo de Braga, foi transportado de urgência para o hospital S. José, em Lisboa.»
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CM

terça-feira, 28 de julho de 2009

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


«O Millennium BCP garantiu o direito de vir a pedir uma indmnização aos cinco antigos administradores do banco acusados pelo Ministério Público de manipulação de mercado, falsificação de documentos e burla qualificada, caso se confirmem as acusações.»
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PÚBLICO

PINHOADA


«Da forma como se faz política em Portugal, então, não tenho, rigorosamente, saudades nenhumas.»
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D. Manolo Piño, veraneante no Allgarve e ex-ministro da República West Coast
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(Dos jornais)

segunda-feira, 27 de julho de 2009

UM IMENSO ADEUS


«Porque Portugal entrou - segundo o discurso e a vontade do poder socialista que nos governa - num processo irreversível de modernização, convém lembrar os seus traços essenciais: o discurso que a promove é o discurso da via única; é o discurso anti-ideológico que pretende emanar da evidência do «real», das próprias coisas; é o discurso da transparência e do movimento permanente, transformando e fazendo desaparecer os graus intermédios entre o chefe (o poder) e os cidadãos; é o discurso da competência e da redução da subjectividade a perfis numéricos de competências. É o discurso que nega a diferença entre esquerda e direita, considerando-a obsoleta. O sujeito já não tem direito ao erro. A aprendizagem torna-se uma técnica a que a subjectividade se deve adaptar, sob pena de exclusão social automática.»

sábado, 25 de julho de 2009

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


«DIAP de Lisboa analisa contrato com Liscont. Mas labirintos legais entravam abertura de processo-crime a Mário Lino por prevaricação.»
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DIÁRIO DE NOTÍCIAS

sexta-feira, 24 de julho de 2009

TRIO SANTANETES




Apoiar para a presidência da Câmara Municipal de Lisboa um candidato que nas sábias palavras do comissário-presidente Durão Barroso é uma mistura de Gabriel Alves e Professor Zandinga, é um direito de qualquer cidadão, santanetes e padres incluídos.
Mas afirmar que o homem ama a cidade, tem palavra e vergonha, é pecado.
Ficam, pois, os senhores priores obrigados a trinta avé-marias e trinta pais-nossos (diários) e ao uso de cilicio no pé esquerdo até ao dia das eleições autárquicas.
Ámen!

POESIA IN


Lançamento no dia 25 de Julho, às 19,30, Café 'In' (Av. Brasília - Lisboa).
Entrada livre.
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Entre os antologiados:
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Rita Aleixo
Eduardo Aleixo

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


«Os três párocos do centro histórico de Lisboa apoiam Pedro Santana Lopes (PSD) na corrida contra António Costa (PS) para a presidência da câmara da capital.
'Este homem ama a cidade!... Este homem é um homem de palavra!...Este homem tem vergonha', afirma o cónego Armando Duarte - que 'fala também pelo padre Mário Rui e pelo padre João Seabra'.»
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DIÁRIO DE NOTÍCIAS

IGNORÂNCIA E ÁGUA BENTA


Suave? Humilde? Modesto? Chamaram-lhe suave, humilde, modesto? Aí está a resposta: «Está para nascer um primeiro-ministro que tenha feito melhor no défice».
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(Coitado... Se reduzisse o orçamento do guarda-fatos e aumentasse o orçamento da biblioteca, saberia, certamente, que o Botas conseguiu superavits de 150.000 contos. À custa da fome - muita fome - mas conseguiu. E fez disso uma bandeira que agitou durante quarenta anos.)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


João Rendeiro, ex-presidente do Conselho de Administração do Banco Privado Português (BPP), foi constituído arguido no inquérito ao Caso BPP, tendo já sido ouvido pelo Ministério Público (MP).
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Público online

DOMINGO MALAGÓN


Gosto de gente assim. Por todas as razões e até pela sua raridade: gente simples que faz o que tem de ser feito, assumindo todos os riscos, e sem pretender compensações, passerelles, mordomias.
Há anos, muitos anos, Jorge Semprun, no seu assombroso livro «Autobiografia de Federico Sánchez» onde nos conta 'histórias, memórias, imagens e mitos' de um partido curioso - o PCE - 'apresentou-me', embora com reserva de identidade, um militante comunista dos duríssimos tempos de luta anti-fascista, em Espanha. Assim: «y ahora, en este relato o memorial en que no pienso callarme nada, voy a callarme el nombre, a silenciar la identidad del camarada que fabricaba nuestra documentación, ese camarada al que tantos debemos la libertad, y algunos la vida, porque eran los papeles que fabricaba o amañaba tan prodigiosamente parecidos a los auténticos que nadie podría sospechar de ellos; y alguna vez le he visto trabajar, manejar casi amorosamente las tintas, las gomas, los plásticos, los colores, las impretillas, los hornos, en un taller donde los documentos falsos adquirían categoría de objetos artísticos, de salvoconductos fraternales para cruzar los posibles temporales de la vida clandestina; y voy a callar su nombre, y al callarlo, recordarlo, celebrarlo en mi memoria, ese nombre no nombrado, porque, quién sabe?, quizá sea todavia necesaria en el porvenir su diabólica, o angélica, habilidad, su genialidad de falsificador».
Reservei-lhe, na minha memória, um lugar de destaque e em todos os livros sobre a resistência anti-franquista que li ao longo de dezenas de anos espiei frases, parágrafos, capítulos, farejei pegadas que pudessem levar-me à identidade de tão elogiado camarada.
Há dias, e trinta e dois anos depois de o ter referenciado, lendo «Decidme Cómo Es un Árbol», livro de memórias de Marcos Ana, 'apanhei-o': «La falsificación de los pasaportes era la meritoria obra de un camarada pintor, Domingo Malagón, cuya existencia nadie conocía, salvo algunos camaradas de la Dirección del Partido. Era como una especie única que había que blindar y proteger. Del minucioso trabajo de sus manos dependía, en gran medida, la seguridad del aparato clandestino. Domingo es una persona sencilla y muy entrañable. Actualmente reside en Madrid y preside una fundación que lleva su nombre.»
Gosto de gente assim. Repito-lhe o nome: DOMINGO MALAGÓN.
Para que conste.

REVISÃO CONSTITUCIONAL


Portugal é o único país do mundo que tem um chimpanzé que fala.
E, em vez de aproveitar essa inestimável riqueza como atracção turística, concede-lhe cargos públicos importantes.
Estamos, com toda a evidência, na presença de mais um exemplo de ineficiência na administração do património do Estado. Nem sequer se serviram do bicho para promoção da 'West Coast'. Depois, queixam-se da quebra de receitas do turismo.
Privatizem-no e vão ver o retorno...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

27 DE SETEMBRO DE 2009




A senhora Thatcher, Baronesa para os amigos, figura sinistra do século XX, neoconservadora e neoliberal fanática e perigosa, amiga e correligionária de Ronald Reagan, governou a Inglaterra em estilo manuelino, legitimada pelos votos da direita inglesa.
O senhor Blair, Tony (como o dos bifes) para os amigos, figura sinistra do século XXI, terceira-via e neoliberal com molho keynesiano para disfarçar o mau gosto do prato requentado, amigo e correligionário de W. Bush, transeunte do eixo Açores-Iraque, governou a Inglaterra em estilo socretino, legitimado pelos votos da esquerda inglesa.
Num mundo em que o estilo é tudo, convenhamos que há as suas diferenças.

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


O Ministério Público abriu um novo processo contra o ex-conselheiro de Estado no âmbito da investigação ao caso BPN. Além do inquérito ao negócio de Porto Rico, Dias Loureiro é agora suspeito de ter recebido luvas na venda da Plêiade à SLN.
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DIÁRIO ECONÓMICO

terça-feira, 21 de julho de 2009

AFINADOR DE SILÊNCIOS


Mesmo descontando o tempo em que fiz de defensor da fé e do império e desconsiderando o cartão do sindicato de jornalistas que me designa por 'equiparado', tive várias profissões ao longo da vida, a saber: bancário, editor, livreiro, consultor.
Agora, e na minha condição de desactivado, confronto-me, amiúde, com uma dificuldade: o preenchimento do campo 'profissão' sempre que subscrevo uma petição, solicito um cartão da Fnac, da Bertrand ou da Bullosa.
Felizmente, a inspiração de Mia Couto (Jesusalém) acaba de me arranjar uma profissão que me quadra que nem uma luva: AFINADOR DE SILÊNCIOS.
E, agora, que já descobri uma nova profissão, vou a correr tratar dos cartões que, sistematicamente, tenho recusado: cliente Modelo, Pingo Doce, Mosqueteiros, Continente, Pão de Açúcar, El Corte Inglês, Plus, Lidl, Sapataria Charles, Loja das Meias, Perfumaria Mimi, Medeia Filmes, Quiosques Catarina Portas, Cuecas Intimissimi, Camisas Giovani Galli, Remendão - Capas, Saltos e Meias-Solas, PS, PSD (nunca se sabe...).
Profissão: Afinador de silêncios. P'rá semana mostro-vos a minha carteira.

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


Negativa a Língua Portuguesa, a História e a Matemática. Negativa também a Geografia, a Físico-Química, a Educação Visual... Feitas as contas, José, chamemos-lhe assim, teve nove negativas em 14 'cadeiras'. Tem 15 anos, está no 8º ano do ensino básico. E a escola passou-o.
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PÚBLICO

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


segunda-feira, 20 de julho de 2009

PERGUNTA INOCENTE


A administração da RTP que autoriza a deslocação de dois 'enviados especiais' a Madrid (onde já tem uma correspondente residente) para reportarem os treinos de Cristiano Ronaldo e o número de 'camisolas 9' vendidas, não deveria ser sujeita a processo sumário por gestão danosa?

PANDEMIA


Um grupo de investigadores portugueses (de ciências médicas e da judiciária) isolaram um novo vírus que, embora em velocidade moderada, se está a expandir em Portugal.
Já estão identificados dois grupos de risco: ex-ministros cavaquistas e residentes temporários da rua do Século.
O combate à doença implica um longo período de isolamento dos atingidos pelo vírus e as autoridades de Saúde criaram uma unidade especializada no hospital-prisão de Caxias para tratamento da doença e aconselham os portugueses a não viajarem nos eixos Coimbra-Porto Rico e Cova da Beira- Alcochete.

sábado, 18 de julho de 2009

UM GRANDE 'AH!' (DE ADMIRAÇÃO)



A coisa resume-se a isto: um relatório de uma instância internacional considera que, em Portugal,o vírus da corrupção tem mais sucesso do que o vírus da gripe 'A'.
Ontem, os canais de informação do 'cabo'
fizeram das conclusões do relatório a NOTÍCIA DO DIA.
E eu, depois de um sonoro 'ah!', perguntei-me, muito inocentemente: notícia do dia? Então, anteontem, ninguém sabia de nada?
E pronto, fiz um colossal e épico manguito e desliguei a pantalha.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O QUINTETO ERA DE CORDAS










Ah eu não me tenho lá assim em tão elevada conta: homem do meu tempo “em sede de IRC”, sem estados de alma, sou completamente transaccionável!...e “banda larga”, assim entre o Madoff e os Loureiros (ilhas Caimão – loja dos trezentos nem pensar!...). Apesar das minhas bem evidentes debilidades (chamem a ASAE): falho de carácter, frouxo de convicções,flôr que não se cheira nem ao higiefone, a meus próprios olhos totalmente irrecomendável, decididamente a evitar!... sem um sobressalto condenaria os inocentes e absolveria os culpados! entre dois males nunca escolho o mal menor mas aquele que ainda não tiver experimentado!... de maneira que, quando pela manhã, ao espelho da barba, tento ainda assim viabilizar uma passa-piolho de dois dias que me habilite a passar por morador de Telheiras e não pelo suburbarno, no limite da decência, que sou (Barcarena!), a passar por professor agregado e não pelo bisonho amanuense da caixa geral com o pecadilho das humanidades (de que me arrependo!),a habilitar-me ao currículo decente de dois casamentos falhados em vez dos serviços mínimos desta namorisquice toda idiota e inconsequente, a deslocar-me aos Maristas,de Renault Mégane, a recolher os miúdos “fruto do segundo casamento”, à decência reconfortante de pagar ,sem escrúpulo,pensão de alimentos e votar Bloco (das urgências)... então,pela manhã,com o olhar nos mínimos e ao espelho da barba, lembro-me do Wilde (e agrada-me!): Não tem inimigos e nem os próprios amigos gostam dele!...



Então,sem perder mais tempo,proposta alternativa (e atrevo-me a que irrecusável): transformar o projecto “Mértola Linda” (que é,convenhamos,assim um bocado maricas – “Cuba linda” ainda remetia para algum imaginário de jeito, para um anteontem decente, um anteontem que carregava no açúcar e cantava...)propunha eu, transformar o projecto “Mértola Linda “ em “ Mértola connection”: podíamos assaltar uma funerária e levávamos uma carreta (tu conduzes, Eduardo, faço questão!) e assim, resolvido o problema do transporte, sacávamos um caixão e metíamos lá cinco “brownings” e um pitbull ( e o Gwin para entreter o pitbull), mesmo umas “bereta” já serviam (Pedro, tu podias ir a Chicago, num voo low cost, “tirar os moldes”... até podias ir mais longe, a avaliar por aquela fotografia do blog em que apareces na guinébissaulivreeindependente, de cintura para cima (ou de cintura para baixo?) em missão de soberania...)e de passagem assaltávamos uma bomba de gasolina e atestávamos (a carreta!)...


No restaurante, aos brindes,passávamos nos lavabos a vestir umas camisolas “no name boys”(Pedro, volta a ser contigo!)e,sem pagar mas exigindo factura (a ASAE!),saíamos pela esquerda alta...envergávamos,finalmente, aqueles aventais brancos das cruzadas e, de browning e pitbull, aos gritos de por São Jorge por São Jorge, acometíamos a moirama,Mértola acima,empoleirados na carreta (o Eduardo, um filho da terra,sempre a conduzir!) e depois vocês ficavam por lá e passavam à clandestinidade: vendiam-me em hasta pública e montavam uma casa de alterne ou compravam um olival...(esta não sei...)



(agora tenho de ir a Beja, amanhã continuo se entretanto não for detido!... por contumácia...)

.CASIMIRO BRANCO

UM IMENSO ADEUS


«AOS CINQUENTA ANOS...»
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Aos cinquenta anos sou um ser perplexo,
não como aos vinte, aos trinta, ou aos quarenta,
mas radicalmente perplexo. Não sei
se amo a vida ou a detesto. Se desejo
ou não desejo continuar vivendo.
Se amo ou não amo aqueles que amo,
se odeio ou não odeio os que detesto.
Se me quero patriarca, pai de família, como acabei sendo,
ou se me quero livre pelas ruas nocturnas
como quando não acabei de descobri-las
em décadas de andá-las, perseguindo
sequer o amor mas corpos, corpos, corpos.
Sou de Europa ou de América? De Portugal
ou Brasil? Desejo que toda a humanidade
seja feliz como queira, ou quero que ela morra
do cogumelo atómico prometido e possível?
Não sei. Definitivamente, não sei.
Julgas que estou deitado num leito de rosas?
-perguntava ao companheiro de tortura Cuauhtemoc.
Mas, mesmo destituído, preso, e torturado,
ele era o Imperador, descendente dos deuses.
Eu não descendo dos deuses. O corpo doi-me,
que envelhece. O espírito doi-me de um cansaço físico.
As belezas de alma, seja de quem forem, deixaram de interessar-me.
Resta a poesia que me enoja nos outros
a não ser antigos, limpos agora do esterco
de terem vivido. E eu vivi tanto
que me parece tão pouco. E hei-de morrer
desesperado por não ter vivido. Aos 50 anos
nem sequer a raiva dos outros ainda me sustenta
o gosto e a paciência de estar vivo.
Outros que tentem e descubram:
que digam ou não digam é-me indiferente.
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Junho 15, 1970

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


quarta-feira, 15 de julho de 2009

NOITES SEM LUAR



Morreu o último romântico da política portuguesa: HERMÍNIO DA PALMA INÁCIO.
Boicotou aviões na base de Sintra, assaltou um avião da TAP e distribuiu panfletos anti-salazaristas sobre várias cidades do país (tive direito a um dos muitos que cairam no campo de futebol do Liceu de Beja), assaltou o Banco de Portugal, na Figueira da Foz, tentou a tomada da cidade da Covilhã, fugiu da prisão do Aljube, fugiu da sede da pide, no Porto, foi libertado de Caxias depois do 25 de Abril.
Dizem as notícias de necrologia que nasceu pobre, viveu pobre, morreu pobre (para os camaradas que tratam da vidinha nos escritórios de advogados de negócios, nos conselhos de administração de bancos e construtoras eu repito: nasceu pobre, viveu pobre, morreu pobre).
Um romântico, este HERMÍNIO DA PALMA INÁCIO.

terça-feira, 14 de julho de 2009

SOCRETINA OMISSÃO


O menino de ouro, a criatura inventada por Emídio Rangel, o robot de plástico, o manequim de Vilar de Maçada, o apoiante de Durão Barroso afirmou que sempre que o PS enfraqueceu, a direita governou.
Certo. Desta vez não mentiu.
Mas podia ter acrescentado que sempre que o PS teve maioria absoluta a direita também governou.

domingo, 12 de julho de 2009

BLOCO CENTRAL DE NARIZES




Pelo andar da carruagem, a campanha eleitoral para as legislativas será pouco mais do que uma feira de pinoquianas vaidades.
E os portugueses, democraticamente, poderão escolher para inquilino de S. Bento um nariz estilo socretino ou um nariz estilo manuelino.
A menos que...

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


sábado, 11 de julho de 2009

UM IMENSO ADEUS


«Outra história que lembro com grande emoção é a do poeta andaluz Pedro Garfias. No seu desterro, foi parar ao castelo de um lorde, na Escócia. O castelo estava sempre ermo e Garfias, andaluz irrequieto, ia todos os dias à taberna do condado, em silêncio (pois não falava o inglês, mas apenas um espanhol de cigano que eu próprio não entendia), bebendo melancolicamente uma solitária cerveja. Este freguês mudo chamou a atenção do taberneiro. Uma noite, quando todos os bebedores já tinham saído, o taberneiro rogou-lhe que ficasse e continuassem ambos a beber em silêncio, ao lado da fogueira que na chaminé crepitava e tagarelava pelos dois.
Tornou-se um rito este acto. Todas as noites Garfias era acolhido pelo taberneiro, solitário como ele, sem mulher e sem família. Pouco a pouco, as línguas desataram-se-lhes. Garfias contava-lhe a guerra de Espanha, entre interjeições, juramentos, imprecações muito andaluzas. O taberneiro escutava-o em religioso silêncio, sem perceber, naturalmente, uma única palavra.
Em seguida, o escocês começou a contar as suas desventuras, provavelmente a história da mulher que o tinha abandonado, provavelmente as façanhas dos filhos, cujos retratos com uniforme militar adornavam a chaminé. Digo provavelmente porque, durante os longos meses que duraram estas estranhas conversas, Garfias tão-pouco entendeu uma palavra.
No entanto, a amizade dos dois homens solitários que falavam apaixonadamente dos assuntos de cada um no respectivo idioma, inacessível para o outro, foi crescendo. Encontrarem-se e falarem até de madrugada converteu-se numa necessidade para ambos.
Quando Garfias teve de partir para o México, despediram-se bebendo e falando, abraçando-se e chorando. A emoção que os unia tão profundamente era a separação das suas solidões.»

sexta-feira, 10 de julho de 2009

DE OUTROS


«O maior equívoco que grassa nas sociedades ditas evoluídas é o que diz respeito ao grau do leitor. Explico: quem lê Roth está quase lá, mas ainda lhe falta algum intelecto para chegar ao Walter Benjamim (de zero a António Guerreiro, ainda vai num oito); quem lê Sousa Tavares já ultrapassou o Dan Brown mas ainda não conseguiu perceber que o que interessa é o novo romance do Rodrigo Guedes de Carvalho. Quem lê Margarida Rebelo Pinto ainda não percebeu que entre cachopas da Linha melhor seria escolher a Rita Ferro. E quem lê Júlia Pinheiro há-de ver a luz e perceber que se é para ir por vedetas televisivas, venha antes o José Rodrigues dos Santos.»
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JORGE REIS-SÁ
(LER)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A NÓDOA





A comissão parlamentar de inquérito ao caso BPN fez um trabalho meritório. Vi, pelas televisões, várias inquirições e testemunhei isso mesmo.
Faltava, porém, um toque socretino.
Ele apareceu no relatório final pela mão da amanuense Sanfona respaldada na maioritária arrogância.
O costume.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


SAMBA INDEPENDENTE


Dilma Roussef, candidata às presidenciais brasileiras por escolha do camarada Lula, apresentou-se ao eleitorado como doutoranda em Economia Monetária e Financeira e Mestre em Teoria Económica pela Universidade de Campinas.
A Universidade desmentiu e o curriculo da camarada Dilma recuou para 'economista' 'tout court'.
Eu já vi este filme em qualquer lado. E, assim, creio que a candidata Dilma devia ser obrigada a pagar direitos de autor ao 'realizador independente' ,português e especialista em engenharia curricular.

terça-feira, 7 de julho de 2009

PARA A HISTÓRIA


Se os critérios jornalísticos das televisões fossem seguidos pelos historiadores, o dia de ontem ficaria registado assim:
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CRISTIANO RONALDO, O NOVO CAMISOLA 9 DO REAL MADRID, FOI APRESENTADO A OITENTA E QUATRO MIL SÓCIOS E SIMPATIZANTES DO CLUBE, EM ESPECTÁCULO QUE AS TELEVISÕES TRANSMITIRAM EM DIRECTO PARA TODO O MUNDO.
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E, em nota de pé de página, talvez ficasse registado:
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Um afro-americano de nome Obama e um russo branco chamado Medvedev assinaram um acordo de redução do arsenal nuclear que prevê a destruição de mil bombas atómicas, em sete anos.
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Enfim, ninharias...

BANDEIRA AZUL


segunda-feira, 6 de julho de 2009

HAJA CORNOS


MORTOS
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S. Mamede de Infesta
«Assassinado à pancada por amante da mulher»
CM
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FERIDOS
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Vila Franca de Xira
«Cornadas provocam dois feridos»
CM
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ALGUÉM A ESCAPAR
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S. Bento
O 'Bronco' a escapar pela direita baixa.
(Nâo vale a pena bater mais no ceguinho.)
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RATARIAS


O Ministério do Ambiente cujo historial está recheado de episódios edificantes - como se sabe - mostra-se, agora, muito preocupado com a qualidade de vida dos ratos de cabrera. E, para a garantir, impõe a construção de três viadutos, entre Santiago do Cacém e Grândola, com um custo de 6,9 milhões de euros.
A notícia, avançada pelo 'Expresso', não especifica a percentagem que vai 'derrapar' para garantir a qualidade de vida das ratazanas do costume.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


«A pianista Maria João Pires renunciou à nacionalidade portuguesa, tornando-se aos 65 anos cidadã brasileira. A notícia é avançada pela Antena 2 da RDP, que adianta que a pianista se fartou 'dos coices e pontapés que tem recebido do Governo português'.»
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(PÚBLICO)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O ESTADO DA NAÇÃO


UM IMENSO ADEUS


LO QUE ME GUSTA DE TU CUERPO...
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Lo que me gusta de tu cuerpo es el sexo.
Lo que me gusta de tu sexo es la boca.
Lo que me gusta de tu boca es la lengua.
Lo que me gusta de tu lengua es la palabra.

SPORT HONDURAS E BENFICA


VENCER, VENCER ATÉ À DERROTA FINAL.

NOTÍCIAS DA PIOLHEIRA


Dias Loureiro foi constituído arguido no 'caso BPN'.

CINCO ANOS


«Às vezes, calo-me e fico à espera da sua voz, essa voz magnética como um íman que atraísse o mundo, porque nela mesmo o esperado é inesperado. Oiço-a, porque as vozes, mesmo as que partiram, respondem ao chamamento da nossa imaginação e fazem-se presentes contra a distância e o esquecimento. Às vezes, oiço-a dizer poemas que nunca escreveu, pois a morte lho impediu. Esses poemas são feitos das palavras suas que nos deixou - e que agora escrevem a sua ausência. Às vezes, quando o mundo me foge ou eu lhe fujo, quando tudo se parte ou se retrai - é o mundo, outra vez inteiro, que a sua voz me devolve, tal ele devia ser. Porque a voz de Sophia de Mello Breyner está além da sua contingência e aquém da sua eternidade.»
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JOSÉ MANUEL DOS SANTOS
(EXPRESSO)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

UM IMENSO ADEUS


«Que se passe-t-il dans l'âme des hommes à présent qu'ils ont perdu ce qui fait d'eux des êtres humains? Que se passe-t-il dans l'âme d'un être resté fidèle à un pacte implicite et explicite entre les hommes et à la solidarité, dans un monde que renie toute loi humaine et qui, pris d'une rage insensée, se détruit?