sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

PASSAR AO LADO DOS JOGOS OLÍMPICOS

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Naqueles nossos gloriosos tempos de BCG (Bailes, Copos, Garotas) eu e o Martins, o M. F., conhecido pelo povo feminino do Liceu e adjacências por 'Galã', aventureiros de meia-tijela, viajávamos para o Carnaval do Algarve com um orçamento individual de cem escudos para viagens, comeres, dormidas, copos e cigarros.
Com tal orçamento de rigor, desnecessário se torna dizer que a sobrevivência se fazia à conta de boleias e cravanços de refeições e quartos. A capa e batina ajudavam os nossos exercícios de sedução e lá nos íamos safando (em comida e outros prazeres inocentes).
Certa vez, em Faro, em 1965, conseguimos jantar e dormida em casa de uma menina que vivia só com a mãe, jovem e bela. Enquanto devorávamos os bifes com batatas fritas, as nossas mentes perversas antecipavam as cenas orgíacas que se sucederiam.
Porém, não foi assim. Depois do jantar, a senhora abriu um livro e dissertou sobre a religião Bahá'i até às três horas da madrugada. Regressámos ao quarto exaustos e frustrados e afogámos as nossas mágoas em meia garrafa de brandy.
Lembrei-me disto porque li, hoje, num jornal diário, que a religião Bahá'i ajudou o Nelson Évora a conquistar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. E uma dúvida se me levantou: será que eu e o 'Galã' poderíamos ser hoje atletas olímpicos medalhados se, naquela noite, em vez de ocuparmos os nossos cérebrozinhos com ideias pecaminosas, tivessemos atentado nas palavras redentoras da senhora?
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PM