terça-feira, 3 de junho de 2008

SOMOS TODOS INDESEJÁVEIS - 2

Pela ordem natural das coisas, os «soixante-huitards» são uma espécie em vias de extinção. Aos arrependidos dos últimos quarenta anos, juntar-se-ão os mortos dos próximos vinte e, em 2028, estarão todos (ou quase todos) a tentar revolucionar o Inferno.

Mas, até lá, e pelo menos de dez em dez anos, aí temos nós as comemorações de «Maio de 68» com debates, filmes, edições e reedições de livros, jornais, revistas.

Os «quarenta anos de Maio» não fugiram à regra e, em Portugal, os festejos estiveram à altura dos acontecimentos tendo mesmo ofuscado, lamentavelmente, as comemorações dos cinquenta anos da candidatura do General Humberto Delgado à presidência da República.

À lista de jornais e revistas que por cá circularam e trataram do tema (Magazine Littéraire, Notícias Magazine, Jornal de Letras, Visão-História, Le Monde 2, etc.) podia ser acrescentada uma outra de livros que, maioritariamente editados em França, a FNAC e a Livraria Francesa muito justamente destacaram. Destes, refiro apenas «Mai 68 Expliqué à Nicolas Sarkozi» (posteriormente, editado em português), de André Glucksmann (que continua radical, tendo apenas mudado da esquerda para a direita e, hoje, apoia Sarkozi) e de Raphael Glucksmann, porque pela sua leitura fiquei a saber que os «soixante-huitards» são, entre outras coisas horríveis, os grandes responsáveis pelo genocídio no Ruanda, em...1994.

Somos todos delirantes. Mas uns deliram mais do que outros.