sexta-feira, 30 de maio de 2008

SOMOS TODOS INDESEJÁVEIS - 1

O neoconservador José Manuel Fernandes, director do «Público», que há muito perdeu «a radical inocência de Maio» (M. V. Cabral), em prosa editorial recente escreveu: «Discutir com um «soixante-huitard» é muito difícil. Pela razão simples de que quem participa, mesmo como um anónimo manifestante, naquilo que se tornou um momento icónico da história do século XX sente não só que faz parte de um mundo à parte, como lhe assiste uma espécie de superioridade moral».

Não sei se os 200 mortos mexicanos, na revolta de 1968, pertenciam a um mundo à parte ou se lhes assistia uma espécie de superioridade moral, mas sei que a pílula contraceptiva não pode ser responsabilizada por estes crimes, como pretende JMF, referindo-se ao Maio francês e com pedido de desculpas pelo exagero.

«É um pouco estranho e surpreendente para nós, quarenta anos depois, este encarniçamento e esta raiva, sobre 68. Mas creio que a explicação se deve à necessidade de mobilização do «partido da ordem e do medo», disse Daniel Bensaid, recentemente à «Visão - História». E ele sabe do que fala. A França teve 1968 e tem, agora, Nicolas Sarkozi.

Somos todos indesejáveis. Mas uns são mais indesejáveis que outros.

PM