Até ao próximo susto
Público
1.Se o candidato da extrema-direita tivesse vencido as eleições presidenciais na Áustria, as capitais europeias e as instituições da União não saberiam o que fazer. Com a vitória do seu adversário Verde, mesmo que por uma unha negra, vão limitar-se a respirar de alívio e esquecer o que aconteceu até ao próximo susto. As razões do avanço da extrema-direita são por demais conhecidas e o seu caminho em direcção ao poder não é exclusivo da Áustria. Na Finlândia, na Holanda ou na Dinamarca, forças populistas com idêntico programa já integraram ou apoiaram governos. Partidos da mesma natureza vão somando sucessos em muitos países europeus. As bandeiras são as mesmas: contra os imigrantes e os refugiados, e ainda mais se forem muçulmanos; contra a integração europeia; contra a globalização. A sua evolução também tem aspectos comuns. Tentam deixar para trás velhos líderes ainda demasiado conotados com o nacionalismo agressivo da primeira metade do seculo XX, substituindo-os caras mais jovens e mais simpáticas, que mais facilmente lhes permitem integrar o sistema político, como qualquer outro partido. Hofer preenche os requisitos, embora a leitura do programa do partido que ele próprio escreveu em 2011 faça tocar todas as campainhas, quando defende “um povo alemão, na mesma comunidade de cultura”.