segunda-feira, 23 de maio de 2016

CHORAR SOBRE O SANGUE DERRAMADO

Invasão do Iraque: relatório Chilcot vai ser “absolutamente brutal” com Tony Blair

O há muito aguardado Relatório Chilcot, fruto de uma investigação de sete anos ordenada pelo ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown à participação do Reino Unido na invasão do Iraque, vai ser publicado duas semanas a seguir ao referendo sobre a permanência do país na União Europeia, marcado para 23 de junho, e vai trazer à luz do dia um veredito "absolutamente brutal" contra Tony Blair e outros membros do seu governo.
O antigo primeiro-ministro britânico (1997-2007) "não vai ser poupado" pelo apoio e assistência militar que deu ao então Presidente norte-americano George W. Bush, um ano antes da invasão formal do Iraque em 2003, revela uma fonte familiarizada com o processo ao "The Sunday Times".
De acordo com essa fonte, envolvida na investigação ordenada por Brown em 2009 para analisar as ações do governo britânico até à famigerada invasão do Iraque, o Relatório Chilcot e as suas 2,6 milhões de palavras vão "danificar as reputações" de uma série de altos-cargos, com o criticismo mais duro guardado para Jack Straw, à data chefe da diplomacia do Reino Unido. "Será absolutamente brutal para Straw. O período que precedeu a guerra é crucial. [O relatório] vai danificar as reputações de uma série de pessoas, de Richard Dearlove [chefe do MI6 entre 1999 e 2004] bem como de Tony Blair e outros", garante a fonte sob anonimato, alertado para uma "segunda parte" do relatório que "irá revelar que fizemos uma borrada no pós-invasão".
Blair, Bush e outros líderes de Estados-membros europeus à data – incluindo o antigo primeiro-ministro português Durão Barroso (2002-2004), que assumiu a presidência da Comissão Europeia um ano depois da invasão do Iraque – são acusados de saberem que não havia quaisquer armas de destruição em massa escondidas naquele país do Médio Oriente pelo regime de Saddam Hussein e de, mesmo assim, usarem esse e outros argumentos no pós-atentados de 11 de setembro de 2001 para justificar a invasão.
EXPRESSO