terça-feira, 30 de junho de 2015

GRÉCIA

 Stiglitz: “O voto no ‘não’ permitiria aos gregos tomar o destino pelas próprias mãos”Nobel da Economia critica duramente a atitude europeia face à decisão do governo grego em avançar com um referendo. 
Num artigo de opinião publicado no Project Syndicate, Joseph Stiglitz, Nobel da Economia em 2001, critica duramente os programas impostos pela troika à Grécia mas também todo o projecto da zona euro, montada sobre uma teia de relações de poder que são “a antítese da democracia”. O professor da Universidade de Columbia acusa mesmo a zona euro de ser incompatível com a legitimidade popular, daí as críticas dos líderes dos estados-membros ao referendo lançado pelo governo grego.
Para Stiglitz, Tsipras “quis dar uma oportunidade aos gregos para se pronunciarem num assunto tão crítico para o futuro do país”, uma “preocupação com a legitimidade popular” que “é incompatível com as políticas da zona euro, que nunca foi um projecto democrático”. E lembra: “A maioria dos governos dos estados membros nunca procurou a aprovação popular sobre a entrega da soberania monetária ao BCE. Quando a Suécia o fez, os suecos disseram que não. Perceberam que o desemprego iria subir se a política monetária do país fosse determinada por um banco central cujo único foco é a inflação.” Para Stiglitz, “o modelo económico que subjaz à zona euro” está assente “em relações de poder que colocam os trabalhadores em  desvantagem. E, claro, o que vemos agora, 16 anos depois da institucionalização da zona euro, é que estas relações são a antítese da democracia”. ("I")