domingo, 26 de agosto de 2012

PERDI O TÍTULO

Vivi todos estes anos (e já são muitos...) convencido de que era o pior artista plástico do mundo. As aulas de desenho à vista eram para mim autênticas sessões de tortura. Com um bule de duas asas como modelo, conseguia, após horas de árduo trabalho e muita concentração, apresentar uma figura muito parecida com a cabeça de um burro com as orelhas caídas. O professor, arquitecto Aldemiro, levou meses para se convencer que eu não estava a gozar com ele... Aquilo era tão mau, tão mau que nem a Lusófona me daria equivalência a pintor de paredes...
E eis senão quando me vejo destronado por uma jarreta espanhola e beata que de um Cristo fez um Zé Povinho com cara sofredora de quem acaba de ser sujeito a um toque na próstata.
Estou grato ao senhor cura de Borja e à irmã Cecília Giménez por terem acabado com o anátema que me perseguia desde criança: em matéria de artes plásticas, já não sou o último - sou o penúltimo. 
Milagre, foi milagre!