A introdução de portagens nas antigas SCUT, em Julho de 2010, e em particular os novos compromissos então assumidos pelo Governo socialista com a Ascendi, concessionária do grupo Mota-Engil, estão a ser investigados pelo Ministério Público.
Segundo o SOL apurou, foi aberto um inquérito-crime já no final do ano passado, quando vieram a público dados de entidades oficiais que indicam que o Estado saiu prejudicado em pelo menos cerca de dois mil milhões de euros – quando à partida o objectivo era o de sair beneficiado, pois passou a receber receitas das portagens.
A investigação, no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, já reuniu uma série de relatórios e de depoimentos de testemunhas. Os indícios, à partida, são de crime de participação económica em negócio.
No centro da investigação estão os decisores políticos, nomeadamente o então secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, que negociou um acordo de princípio com as concessionárias. Foi com base neste documento – cujos termos nunca foram divulgados – que trabalhou depois uma equipa de técnicos, a Comissão de Negociações. Coube a esta calcular e negociar a versão final dos contratos com as privadas, a Ascendi e a Euroscut.
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Ora, segundo dados da Direcção-geral do Tesouro, o acordo a que se chegou implica, em termos práticos, que o Estado (ou seja, a EP), assumiu o compromisso de pagar 2.676 milhões de euros à Ascendi, até 2030 (prazo do contrato): 2.092 milhões pela concessão do Norte e 584 milhões pela Grande Lisboa. Estimando-se que, por ambas, a EP receberá apenas 1.256 milhões de receita das portagens, conclui-se que, no final, o Estado terá um prejuízo global de 1.420 milhões de euros só com estas duas concessões.
Mas este prejuízo será ainda superior porque as receitas muito dificilmente chegarão ao valor estimado (1.256 milhões) devido à quebra generalizada do tráfego. Segundo já divulgou o Inir (Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias), a auto-estrada do Norte registou, nos primeiros dez anos de funcionamento, menos de metade do tráfego que se previa.
SOL