sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

BOM ANO NOVO


«Subida dos impostos, redução salarial, corte nos benefícios sociais, pensões congeladas, novas taxas para as contribuições para a Segurança Social, serviços de saúde mais caros e menos meios na educação: não há empresas e famílias em Portugal que não sejam afectadas pelo menos por parte destas medidas que, depois de aprovadas pelo Governo e Parlamento, entram em vigor amanhã.

A primeira a ser sentida será, provavelmente, a subida do IVA em dois pontos percentuais. Assim que soarem as doze badaladas do ano novo, a taxa normal do IVA em vigor na maior parte dos produtos passará a ser de 23 por cento, fazendo com que os preços possam ser revistos em alta pelos comerciantes.

Outras medidas, não tão imediatas, não tardarão muito a sentir-se e de forma muito amarga para uma parte significativa da população. Os funcionários públicos que ganham mais que 1500 euros mensais vão ter um corte no seu salário que vai dos 3,5 até aos 10 por cento, uma medida nunca antes implementada em Portugal.

Os sectores mais desfavorecidos da população também não escapam, com os benefícios sociais que são concedidos a serem limitados, tanto no seu valor como na facilidade de acesso.

Na área da saúde, os utentes do Serviço Nacional de Saúde vão passar, em vários casos, a ter de pagar mais pelos serviços que lhes são prestados. Noutros casos, esses mesmos serviços são reduzidos, como a introdução de novos limites à prescrição de exames médicos, em mais uma forma encontrada pelo Governo de limitar os gastos públicos nesta área, tão decisiva para o controlo das finanças públicas. Na educação, as medidas de contenção das despesas podem também afectar o nível do serviço prestado.

Como se tudo isto não bastasse, para além de verem o seu rendimento disponível diminuir, os portugueses deverão ter de enfrentar um cenário menos favorável do que nos últimos dois anos em termos de inflação, com alguns dos preços tabelados na área dos transportes ou da electricidade, por exemplo, a registarem, já a partir de amanhã, uma subida acentuada.»
Público