quinta-feira, 30 de outubro de 2008

PERIGOSAS ENCENAÇÕES

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Macacos me mordam se este relato do JN não me faz lembrar os gloriosos tempos da Legião Portuguesa:

Com ameaças e impropérios. Assim foi recebido esta quarta-feira pelos estivadores do Porto de Lisboa, junto à Câmara Municipal, Sousa Tavares, líder do movimento de cidadãos contra o alargamento do terminal da Doca de Alcântara.
Cerca de 200 trabalhadores aguardaram a chegada do escritor, aos Paços do Município de Lisboa, pelas 15 horas, para o insultar e tentar coagir fisicamente. "Vai mas é escrever livros para o Porto" ou "javardo" foram as frases disparadas violentamente, em uníssono, contra Miguel Sousa Tavares, que contou com a protecção da Polícia Municipal.
O escritor e jornalista tinha sido convidado pelo presidente de Câmara, António Costa (PS), para participar na discussão sobre o alargamento do Porto de Lisboa, como representante do movimento de cidadãos "Lisboa é das pessoas. Mais contentores, não", que lançou uma petição, onde pedem a revogação do decreto-lei que prevê não só a triplicação do terminal de contentores de Alcântara, como a renovação da concessão de exploração da Liscont [do grupo Mota-Engil] até 2042.
Sousa Tavares acabou, uma hora depois, por abandonar a reunião pública quando se apercebeu que estava prevista uma apresentação prolongada do projecto de alargamento de Alcântara, a cargo de Manuel Frasquilho, presidente da Associação do Porto de Lisboa (APL). "Não fui convidado para uma sessão de propaganda da APL. Ainda se mostrassem o contrato que assinaram", alegou, considerando que o protesto dos trabalhadores não passava de uma acção concertada.

Pois é, faz lembrar mas os tempos são outros: já não há Tribunais Plenários, polícia política, censura. E existe, até, este 'submundo' da blogosfera onde, em exercício livre de cidadania, se pode denunciar os senhoritos do poder e dos interesses e mostrar solidariedade com aqueles que, como Miguel Sousa Tavares, corajosamente, os enfrentam.

É o que faço agora mesmo.

PM