domingo, 21 de setembro de 2008

CINCO ESTRELAS

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Confesso que, depois de os aturar três anos, não fiquei com muita consideração pelos militares. Por várias razões e, desde logo, por esta: na tropa, os homens tinham número e os cavalos tinham nome. Por estas e por outras (muitas outras) se dizia que uma vez militarizados todos os civis, só faltava civilizar todos os militares. (Para os mais jovens ou mais esquecidos, aqui se deixa nota sobre a dureza da vida em tempos duros, muito duros, de guerra colonial).

Votei uma vez num militar, Ramalho Eanes, por exclusão de partes. A alternativa era ter no palácio de Belém um antigo comandante do campo de concentração de S. Nicolau, outro militar, portanto, e com curriculo político pouco recomendável.
O homem presidiu como vivem os portugueses: normalmente, que é uma maneira moderna de dizer 'sem distinção'. No segundo mandato deu-lhe para apadrinhar uma 'coisa' chamada PRD, um quisto político que inchou o suficiente para afastar o PS da área da governação e depois desapareceu de cena.

Sei, agora, que o general Ramalho Eanes abdicou de retroactivos de pensão no valor de um milhão e trezentos mil euros. Em tempos de grandes farras à mesa do orçamento, aí está uma atitude pouco comum e digna de louvor.

Louve-se, pois, o homem e ponha-se-lhe mais uma estrela nos galões de general.

PM