sexta-feira, 15 de agosto de 2008

PURGATÓRIO

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«Quando os tanques russos invadem a Ossétia do Sul e pulverizam os nativos com particular brutalidade, eles não estão apenas a defender cidadãos russos, como o Kremlin alega. Estão a enviar um recado a Washington e a Bruxelas para que parem com o cerco. Escusado será dizer que Washington e Bruxelas não têm qualquer legitimidade para falar contra a Rússia. Pior: a guerra em curso tem as impressões digitais do Ocidente em cada bala e cada cadáver. Primeiro, porque ninguém gosta de ser cercado. E, depois, porque o precedente kosovar abriu uma caixa que não se volta a fechar: aceitar a independência do Kosovo mas recusar iguais pretensões à Ossétia ou à Abkházia será um exercício de comédia. Grotesca».

JOÃO PEREIRA COUTINHO, 'Expresso', 15.8.2008