domingo, 11 de maio de 2008

DE BOB GELDOF A PEPETELA

Bob Geldof é um homem de fama e proveito. Com tanta fama e tanto proveito, que podia dar-se ao luxo de só andar preocupado com a exibição de iates, carros de alta roda, miúdas (ou miúdos, que é a grande moda) de fazer parar o trânsito, cenas canalhas em casinos e outras coisas de alto gabarito.

Mas, não. O homem prefere denunciar as situações infra-humanas em que sobrevivem milhões de cidadãos por essas áfricas fora. E faz muito bem.

Recentemente, esteve em Lisboa (à conta do «Expresso» e do Banco Espírito Santo) e lembrou-se de dizer que «Angola é gerida por criminosos».

Caiu, neste portugalinho, o Carmo e a Trindade e foi um fartote de indignadas interrogações: «E os negócios de Portugal com Angola?»; «E os negócios de Angola com Portugal?»; «Logo agora que a Sonangol está a tomar posições qualificadas em diversas e importantes empresas portuguesas?»; «Isto prejudicará o arranque do novo banco angolano, em Lisboa?»; «E como irá reagir a diplomacia de mato do MPLA?»; «Então não estava a soar tão bem aquela história contada por Jerónimo de Sousa, segundo a qual o MPLA está a combater a corrupção no seu país?». Enfim, desgraças, só desgraças.

Mas, no meio de tantas perguntas, também me apetecer perguntar: Bob Geldof disse alguma coisa de novo? Então, em Luanda e em Lisboa, ninguém leu o romance «Predadores», de Pepetela? Ai, não? Então, leiam e depois recomendem-no ao Bob Geldof para ele fundamentar ainda melhor a sua opinião sobre os «camaradas» do MPLA

PM