"O Chega é um homem só e, se bem que inteligente e bom demagogo, não me parece com o estofo de um Hitler, um Mussolini ou um Salazar, homens que de um partido faziam um regime. E ao lado de Ventura — seja o patético deputado Pinto, o “intelectual” Pacheco de Amorim ou aqueloutro com a sua “teoria da substituição”, seja a sua malta ululante das redes sociais —, sinceramente, não alcanço nada ali que se pareça, de perto ou de longe, com um pensamento político, menos ainda com um programa de Governo para o país. Apenas ódio à solta, inveja e raiva a quem pensa qualquer coisa, uma catarse infinda de frustrações profissionais, sociais, familiares, sexuais. Mas talvez eu esteja enganado: talvez seja isso mesmo o projecto político do Chega a da extrema-direita universal. Ódio à inteligência, ao pensamento, à cultura. Acabarão a queimar livros como no “Fahrenheit 451”. Afinal, talvez seja altura de nos assustarmos."
Miguel Sousa Tavares
Expresso