segunda-feira, 1 de abril de 2024

O PORCO NO MEIO DA SALA

 

"Não conseguimos esquecer (e seria bom falar de outra coisa) do elefante no meio da sala que são um milhão de votos contra a nossa democracia e contra a nossa civilização. Um milhão de votos que assumem o racismo e a discriminação como projetos desejáveis e realizáveis.

Dizer que um milhão de pessoas não podem ser todas racistas, xenófobas e homofóbicas, mas que são, sim, vítimas de um sistema político decadente, e que convém, pelo contrário, acarinhá-las, é, como justamente apontava António Guerreiro no Público, passar por cima do caldo de cultura que fomos deixando criar, em que o que é acarinhado é o mais medíocre e grosseiro programa para atrair audiências, é o desprezo da escola pela cultura humanística e a sua instrumentalização por uma ética estritamente individualista e egoísta, virada para o dinheiro como bem e senhor supremo. “O vitelo de ouro continua vivo”, canta Mefistófeles na ópera Fausto: mas agora calcina e destrói tudo em sua volta.

Nesta sociedade, com uma comunicação social dominada pelo poder económico e pelo extremismo ultraliberal, a pregação antissocialista converteu-se na pregação antidemocrática e antissocial, com que nos arengam quotidianamente os nossos comentadores."

Luís Castro Mendes  (DN)

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