quarta-feira, 25 de outubro de 2023

TEMPO DE ASSASSINOS


A guerra é só isto. É uma matança, é o genocídio disfarçado com argumentos políticos, é a limpeza étnica assente no princípio da culpa coletiva dos povos. Uma palavra, exterminismo, resume melhor do que outras o que é a norma da guerra e vemos como é aplicada em todo o seu esplendor.
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É um tempo sombrio em que a defesa da paz fica resumida a Guterres e ao Papa, ambos sem poder, e a iniciativa da guerra é capturada não só pelos seus generais como por uma raivosa trupe de vingadores de sofá. Entendamo-los bem: eles estão a dizer-nos que a humanidade é um pseudónimo da barbárie e querem que nos habituemos à irracionalidade. A beleza da guerra, a estética do bombardeamento, a arte deve passar a ser a evocação do massacre, diziam os fascistas italianos nos anos vinte do século passado. Cem anos depois, deram drones, bombas de precisão e bolhas de ódio aos seus herdeiros e eles rejubilam ao usá-las.

Francisco Louçã
Expresso