quinta-feira, 21 de setembro de 2023

SUGESTÃO

 

Embora a gestão tenha uma história que antecede o nazismo, foi apreciavelmente enriquecida durante os doze anos de domínio do Terceiro Reich, ao ponto de certos conceitos típicos do actual discurso gestionário neoliberal — flexibilidadeperformancecolaboradorobjectivos, etc. — se encontrarem já entre as inovações teóricas e práticas da Menschenführung (direcção dos homens) no horror do nacional-socialismo.

Livres de Obedecer (2020) debruça-se sobre o contexto histórico e intelectual que estimulou o desenvolvimento das ideias e experiências nazis no domínio da gestão e narra a concomitante ascensão de alguns dos seus sombrios protagonistas, com destaque para Reinhard Höhn, jurista, historiador militar e general das SS, que após a guerra, numa perturbante continuidade ideológica, soube habilmente reconverter-se em fundador da Academia de Quadros de Bad Harzburg - uma prestigiada escola de gestão da RFA -, em guru do modelo de delegação de responsabilidades e autor de best-sellers da bibliografia empresarial.

Neste breve e polémico ensaio, Johann Chapoutot apresenta um terrível arco histórico, que não apenas consolida a tese da modernidade do nazismo como sugere de maneira impressiva a sua sinistra contemporaneidade.