O Papa não é o mais popular pelo contraste com o seu antecessor, nem sequer só pela afabilidade que demonstra. Ele é querido por ter aberto as portas aos pobres, por ter condenado a finança “que mata”, por ter dado um passo de aproximação aos homossexuais e, sobretudo, por ter condenado a pedofilia praticada, ocultada e porventura cultivada em sectores tão amplos da sua Igreja. Com argúcia política, tem vindo a nomear cardeais reformadores e alguns são personalidades culturais vibrantes. Meticulosamente, tem procurado mudar a doutrina e virá-la para o povo. Tem contra ele uma construção imponente que é o seu palácio, a Igreja Católica.
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O Vaticano não se fez num milénio. Está nele incrustada uma cultura que, para além da crença religiosa, é uma potência. Vive do misticismo, como se vê, mas Francisco impõe-lhe um brilho que faz pensar. É o seu maior atrevimento e com ele quer mudar os pontos cardeais da sua casa. É o que lhe devemos.
Francisco Louçã (Expresso)