Consta que a obra de João Cutileiro publicamente exposta no alto do Parque Eduardo VII vai ser coberta, durante os dias da Jornada Mundial da Juventude, para não servir de cenário de fundo da missa que a seus pés se celebrará.
Embora refractário a todas as religiões (excepção feita àquela que transmite missas na BTV e tem por santos Costa Pereira, Germano, José Augusto, Eusébio, Águas, Coluna e Simões), e alérgico a todas as censuras, sejam elas provisórias ou definitivas, sinto-me compelido a aceitar como boa a decisão das autoridades políticas e religiosas deste catolicíssimo torrão.
Não seria aceitável que durante a celebração do sacrifício do corpo e do sangue de Jesus Cristo, a santa missa, a adesão absoluta do espírito dos beatos e beatas presentes fosse perturbada por uma imagem de cariz manifestamente ateu e diabólico, de formato perverso que induz ao pecaminoso pensamento na louça das Caldas, à leitura do livro de poesia experimental de E. M. de Melo e Castro, Cara lh amas, (que por aí circulou com uma cinta de aviso 'De caralhamas e conemas são feitos estes poemas') ou, pior, ao desejo desenfreado daquela parte do corpo das crianças a que os padres pedófilos chamam um figo.
Haja decoro! Ámen.
