A EMPRESA QUE DIRIGE OS FUTEBOLISTAS NACIONAIS
O primeiro é a saga dos impostos de Fernando Santos, o polémico treinador da seleção nacional, que atingiu os píncaros da comédia com os queixumes do próprio e da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) contra a decisão do tribunal arbitral que deu razão ao fisco, que reclamava €4 milhões de IRS de 2016 e 2017. Segundo a imprensa, terá sido um escritório de advogados, a Morais Leitão, a propor à FPF o esquema; os mesmos advogados indicaram agora um dos três árbitros que, naturalmente, votou contra o fisco, e perdeu. Santos usou quatro argumentos em sua defesa: que “a empresa não é fictícia”, pois já existia, que o esquema era conhecido, que é um “gestor” de equipas e por isso se justificaria pagar IRC mais baixo do que o IRS sobre o salário e, finalmente, que já pagou o que acha que não devia. Mesmo assim, reclamar o não pagamento do IRS cria um mistério: como a empresa de Santos pagava o salário de Santos, Santos teria de o declarar como salário em IRS, a não ser que reivindicasse, e esse parece ser o estratagema, que o rendimento era de dividendos da empresa, para baixar a conta.
Raramente se terá visto uma teoria do mercado tão quimicamente absurda: neste mundo fantasioso, seria o CEO da empresa que alinharia os jogadores para o jogo ou que procederia às substituições necessárias, ou seria o seu CFO que os animaria no intervalo para empatarem a partida? Haveria lugar a licitações para o concurso para ganhar a concessão de selecionador? O que se pode ainda perguntar é quantos outros esquemas são criados pelos departamentos mágicos destes escritórios de advogados.
Francisco Louçã (Expresso)