sábado, 27 de agosto de 2022

OS VELHOS DO RESTELO E OS NOVOS DE CHICAGO

"Os velhos do Restelo como eu não esquecem a alegria de um governo que considerava o empobrecimento dos portugueses como um momento necessário para o crescimento do país ("os portugueses estão pior, mas Portugal está melhor") e vivia com entusiasmo a nossa e sua humilhação pelos terceiros oficiais de Finanças da troika que sobranceiramente nos visitavam. Eles traziam consigo o "Homem Novo" e mandavam "um povo piegas", que vivera até ali em permanente "regabofe", para fora da sua "zona de conforto" e para a dureza, sem proteções nem abrigos, do mercado todo poderoso.
Consideram os velhos do Restelo como eu uma ingenuidade perigosa, ou uma interessada má fé acreditar que entregar todos os recursos do país ao critério dos privados nos viria trazer a prosperidade geral. É que não esquecem aqueles que jogaram os ativos da economia do país no casino financeiro, para depois da falência universal irem pôr os seus pés de meia no recato dos paraísos fiscais, deixando os contribuintes (nós) a pagar os estragos. E não os surpreendem as revoltas cegas da extrema direita, que vão alastrando quanto mais se vincam e aprofundam as desigualdades."

Luís Castro Mendes (DN)