O perigo de fuga já tinha motivado pelo menos dois alertas às instâncias judiciais. Segundo o semanário Expresso, a 22 de setembro os advogados do BPP dirigiram um requerimento ao tribunal da Relação de Lisboa, pedindo um agravamento das medidas de coação face ao risco de fuga. Ainda em agosto, chegou ao Conselho Superior da Magistratura (CSM), e depois ao Tribunal Constitucional um requerimento subscrito por João Paulo Batalha (ex-presidente da associação cívica Transparência e Integridade) e e do antigo candidato presidencial Paulo Morais, a questionar o porquê de Rendeiro continuar em liberdade. Ao DN, João Paulo Batalha aponta uma "falha gravíssima do sistema judicial, uma enorme incúria e negligência por parte dos tribunais". "O Conselho Superior da Magistratura, a Procuradoria-Geral da República e o Conselho Superior do Ministério Público têm de explicar porque é que ninguém promoveu o reforço das medidas de coação. Tem que haver explicações oficiais e urgentes", defende, sustentando que "o sistema judicial fez tudo [para permitir a fuga de Rendeiro], só não lhe comprou as passagens". O antigo líder da associação Transparência e Integridade lembra que Rendeiro já se tinha ausentado do país para a Costa Rica "dando como morada o consulado português e fez a mesma coisa quando foi para Londres". Ou seja, "já tinha violado a medida de coação", já que a lei obriga a que seja dada uma morada. Para João Paulo Batalha ou "houve uma negligência brutal neste caso ou uma vontade de permitir que fugisse" - "O que temos visto é que em processos que envolvam banqueiros não há nenhum que tenha chegado ao fim de uma forma satisfatória". E acrescenta que é preciso uma discussão, em termos legislativos, sobre esta matéria.
DN