sexta-feira, 10 de setembro de 2021

LIVROS E LIVREIROS

" Recordo-me de que, não sabendo na altura quem publicava esses livros, me bastou perguntar num stand qualquer (não era, note-se, um balcão de informações) para logo um senhor muito solícito me informar, a mim e à colega que me acompanhava, em que barraquinhas (com número e tudo!) podíamos encontrar o que procurávamos.

Claro que hoje o computador da APEL faz o mesmo serviço; e claro que hoje o mercado é dez vezes maior, o que explica muita coisa. Mas a verdade é que quem vendia na Feira do Livro de Lisboa na Avenida era gente que percebia da poda, geralmente funcionários de livrarias que conheciam exaustivamente os catálogos das editoras e que tão depressa eram capazes de indicar onde se podiam comprar os livros de José Hermano Saraiva aos cavalheiros interessados em saber um pouco mais da história do país como A Mulher na Sala e na Cozinha, de Laura Santos, às raparigas casadoiras.

Sabiam quais eram as editoras de Aquilino Ribeiro, David Mourão-Ferreira, Camilo ou Eça, mas também (sou testemunha!) de um livro que ensinava a fazer kefir, numa altura em que nem os iogurtes eram correntes em Portugal. A uma mulher popular, de bata florida e avental, que uma vez perguntou ao meu lado num pavilhão se tinham «algum livro que explicasse como se deitavam os canários», o vendedor, sem desfazer o ar de surpresa, indicou imediatamente duas ou três editoras com livros sobre a reprodução de aves."

Maria do Rosário Pedreira (Mensagem.pt)

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