sexta-feira, 30 de abril de 2021

OS FAXINAS, IMPEDIDOS E ORDENANÇAS À ESPERA DE UM CHEFE

É uma festa, que promete nada mais e nada menos do que abundar sobre a “reconfiguração social, política e económica para as próximas décadas”, nas vésperas da inauguração do congresso do Chega, que foi apontada para o faustoso dia 28 de maio. A caminho destas décadas tão prometedoras, a convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL) junta os chefes dos quatro partidos da direita, os recentemente chegados encerram as manhãs, os que têm mais pedigree encerram os dias (Rio faltou no ano passado, vai este ano ser a estrela da companhia). Acrescenta-se a aristocracia do Observador, que veio em peso, José Manuel Fernandes, Rui Ramos e Helena Matos, mais alguns cronistas avulsos (e que injustiça esquecerem os do Sol), um painel dos notáveis do PS que são parceiros deste mundo, Luís Amado, Sérgio Sousa Pinto, Álvaro Beleza, mais um ex-governante PS que era do PSD e retornou ao PSD, Nogueira Leite, também Henrique Monteiro, não podia faltar, e mais algumas glórias laranjas, Joaquim Sarmento, Miguel Morgado e Poiares Maduro, desta vez Montenegro foi esquecido, e do CDS, Paulo Portas. Há ainda uma feira de extravagâncias: o representante dos hospitais privados, Óscar Gaspar, ou Camilo Lourenço, que escreve sobre a “deriva bloquista de Vítor Gaspar” e do FMI, lá se irão explicar ao Centro de Congressos. Numa palavra, está toda a gente que devia estar e, em vez de notarem com surpresa esta confraternização, os analistas deviam saudar o acontecimento, do qual resulta um interessante sinal convivial. Quanto mais juntos melhor, quanto mais falarem melhor.

Tavares, outro dos que vai partilhar “oxigénio e alcatifas” com estas figuras gradas, garante que é tudo só para proteger os direitos oprimidos de alguns coitados que são silenciados pelo manto pesado da censura e lá estará, “de preferência na primeira fila e com a seguinte inscrição" na sua T-shirt: 'André, boa parte das tuas ideias são uma vergonha, mas vergonha maior era não as poderes defender'” (ofereço-me para pagar esta tshirt a Tavares, como incentivo carinhoso à sua coragem democrática, o coitado do “André” está tão impedido de dizer o que pensa). Isto promete, vão discutir o tamanho das vergonhas respetivas.

Francisco Louçã

Expresso