OPINIÃO
A “verdade” do Chega
O livro de Riccardo Marchi é um mero exercício panegírico ao Chega. É pouco para um cientista social, mas chega perfeitamente como panfleto partidário.
11 de agosto de 2020
Não se trata de um estudo de ciência política nem de história. É uma simples narrativa pormenorizada do percurso de Ventura e do aparecimento do Chega. Lê-se como um daqueles livros que os políticos lançam antes de uma campanha eleitoral, para mobilizar o seu eleitorado e que são rapidamente esquecidos depois da eleição.
De facto, o livro não cumpre critérios mínimos de distanciamento do objeto de estudo, nem do ponto de vista da ciência política nem da história.
E aqui chegamos ao real propósito do livro, a saber, a legitimação do partido e do líder do ponto de vista político.
Talvez o autor pudesse fazer um esforço para fazer o teste do pato: se parece um pato, nada como um pato e grasna como um pato, provavelmente é um pato. Mas isso nunca acontece ao longo do livro, pois estamos perante um exercício panegírico ao Chega. É pouco para um cientista social, realmente, quer seja de história ou de ciência política. Mas chega perfeitamente como um panfleto partidário.
Público