sábado, 29 de agosto de 2020

DELINQUÊNCIA - DOENÇA CRÓNICA DA FASCISTAGEM

"Quem acompanhe a extrema-direita europeia sabe que nunca é preciso esperar muito para ver aqueles que vivem com a lei e a ordem na boca a passarem-se com malas e bagagens para as margens da criminalidade. A extrema-direita tende a atrair delinquentes. Sem podermos falar de crime, o próprio Chega teve de lidar, logo à nascença, com os passados pouco abonatórios de Sousa Lara (envolvimento no caso Moderna) e Peixoto Rodrigues (arguido num processo de fraude onde alegadamente terá lesado o Estado em mais de 60 mil euros). Ainda nem eleitos tinha. Imaginem quando cheirar a poder.
Se alguém do Chega for apanhado, coisa que pode acontecer a qualquer partido, não esperem mais do que a reação que teve com o amigo americano. É mais velho do que a Sé de Braga: a exigência dos justiceiros para com os outros é inversamente proporcional à que têm com os seus. À boleia de Steve Bannon, Ventura fez um intervalo em balelas genéricas sobre a corrupção (ou será "uma questão qualquer de angariação de fundos"?) e deixou um aviso: que nunca a Justiça se atreva a investigar os seus corruptos.
André Ventura não pode falar de Rui Pinto e das coisas que por ele se forem descobrindo. De Vieira e das coisas que sobre ele se descobrirem. De offshores e de qualquer negócio em que possa envolver clientes da Finparter. E agora não pode falar de Bannon. O rol de incompatibilidades para exercer o seu papel de justiceiro começa a ficar extenso. Sobram os utentes do RSI que não tenham direito àquela prestação. Quem não pode ir aos tubarões contenta-se com petingas."

Daniel Oliveira 
Expresso