sábado, 1 de fevereiro de 2020

FASCISTAGEM À SOLTA


Comunidade israelita condena “ofensa” de dirigente do CDS “a todos os judeus”

No Facebook, Abel Matos Santos chamou “agiota de judeus” a Aristides de Sousa Mendes e elogiou a PIDE e Salazar. Comunidade judaica diz que CDS “não pode estar conivente” com declarações do dirigente partidário.

A Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) condenou esta quinta-feira as declarações do dirigente do CDS Abel Matos Santos, que chamou “agiota de judeus” a Aristides de Sousa Mendes, o diplomata português que contrariou as ordens do Estado Novo e facilitou a fuga de milhares de refugiados judeus ao avanço das forças nazis durante a II Guerra Mundial.
Em comunicado, a CIL manifesta “estupefacção e surpresa” pelas afirmações de Abel Matos Santos, reveladas na quarta-feira pelo jornal Expresso, “cujo teor considera ofensivo à memória de um dos maiores diplomatas de Portugal, o cônsul Aristides de Sousa Mendes, Justo entre as Nações”.
A comunidade judaica lisboeta diz que se trata de uma “ofensa a todos os judeus e não judeus que foram salvos da barbárie nazi durante a Segunda Guerra Mundial” e considera que “num momento em que o mundo comemora o 75.º Aniversário do fim do Holocausto, corporizado na libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, símbolo máximo do anti-semitismo primário e estruturado, ler declarações semelhantes fazem relembrar que há quem não conheça a história ou pretenda associar-se ao anti-semitismo”.
Dirigindo-se ao CDS, a CIL refere ainda que “um partido que pretende ser um pilar da democracia portuguesa não pode estar conivente com declarações similares proferidas por um dos seus líderes”. Na nota, assinada pelo presidente José Oulman Carp, a CIL manifesta “o maior repúdio por declarações de carácter anti-semita e racista, ainda existentes na sociedade portuguesa” e associa-se “a todos os que no país também condenaram tais actos, de entre a sociedade civil em geral e dos que ocupam cargos públicos”.
Público