quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

OS CANÍDEOS DE RAÇA LUSITANA

Há pessoas que têm a consciência tranquila neste assunto. Nomeio duas de que não sou politicamente próximo: Ana Gomes e Francisco Louçã. Há outras que não a podem ter. E não refiro apenas aqueles que podem ser cúmplices de ilegalidades, mas também os que sabiam e calaram. E nesses, salvo raras e honrosas exceções, estão quase toda a classe política, grande parte da classe empresarial e boa parte da classe jornalística.
No meu julgamento, que pode ser excessivamente implacável, poucos escapam. Em termos de direções partidárias, só o Bloco de Esquerda foi consistente na Oposição à vergonha de Angola. Inúmeros jornalistas, dos mais antigos, que vêm comentar a excelente investigação levada a cabo pelo Expresso (Micael Pereira) e a SIC (Luís Garriapa) em conjunto com o Consórcio Internacional, falaram sempre de Angola como se de um país normal se tratasse. Aplaudiram os investimentos dos seus cleptocratas como se não conhecessem os vários desmandos e tráficos, como, por exemplo, o do francês Pierre Falcone, condenado pela justiça do seu país, perante os protestos do Governo de Luanda; ou a proibição de circulação de dinheiro angolano em bancos e mesmo em países mais decentes do que o nosso. Pelo contrário, faziam rapapés.
Henrique Monteiro (Expresso)