segunda-feira, 18 de novembro de 2019

SUGESTÃO


A Colónia Penal do Tarrafal, criada durante o Estado Novo na ilha de Santiago, em Cabo Verde, foi estreada em 1936 com centena e meia de prisioneiros políticos vindos da metrópole, que era preciso afastar, enfraquecer e usar como lição.

Embora as condições em que ali viveram - esses e todos os outros que ali foram encarcerados - sejam conhecidas (quase sem água, privados de higiene, doentes e sujeitos a torturas várias), nada melhor do que ouvi-las da boca de quem as sofreu na pele ou assistiu de perto a esse sofrimento.

Nos 45 anos do encerramento do campo de concentração, Mário Lúcio Sousa, nascido no Tarrafal, toma a voz de vários prisioneiros chamados Pedro e chegados em diferentes vagas de Portugal, da Guiné, de Angola e até de Cabo Verde.
E, ao relatar a história desta prisão terrível e de quem a foi dirigindo ao longo dos anos, o presente romance homenageia simultaneamente os que ali perderam a vida e os que sobreviveram ao horror e ainda os vários modos de falar uma língua que foi, tantas vezes, a que os tramou e a que os viria a salvar.