segunda-feira, 26 de agosto de 2019

O CABEÇA DE SSANITA

Um demente no poder

Se não o meterem antes numa camisa-de-forças, Bolsonaro vai tirar as calças pela cabeça em público a qualquer momento.
Já não me lembro o motivo, mas o presidente Jair Bolsonaro recomendou noutro dia ao povo brasileiro que só faça cocó - caca - dia sim, dia não. Não me consta que, alguma vez, em toda a história, um governante tenha descido a esses detalhes na condução de seus governados. Teria talvez alguma influência no sistema de águas e esgotos das cidades, na produção de estrume, no bom funcionamento dos intestinos?
Não. Bolsonaro é apenas assim - gosta de usar imagens fecais, anais ou urinárias para dizer o que pensa. No Carnaval passado, em sua página na internet, ele divulgou um vídeo em que mostrava um homem urinando em outro. No domingo passado, um influente jornalista brasileiro chamou-o, no título de sua coluna, de coprófilo - aquele que, segundo os dicionários, "tem atração patológica por fezes ou pelo ato de defecação". Eu próprio já escrevi, há algumas semanas, que ele tem "fezes na cabeça". E Bolsonaro não pode se queixar porque é ele quem provoca essas imagens.

E, afinal, de que adianta ao povo brasileiro seguir sua recomendação de só fazer cocó dia sim, dia não, se o próprio presidente faz todo dia - e em público, sem o menor pudor, diante das câmaras e dos microfones? Estou falando figuradamente, claro. Não é que Bolsonaro abaixe as calças, fique de cócoras e despeje à vista dos outros - pelo menos, até agora não fez isto. Basta-lhe abrir a boca.
Ruy Castro
DN