VIVA A LIBERDADE
Não te chamo liberdade, mãe tirana
Quando me cantaste ainda era menino:
- juraste, sim, prender-me em filigrana
Nessa tua doce voz de cante sibilino
Antes de dormir, bem doce, humana,
Ternamente o teu mel corria anódino
Da tua boca fechando-me a pestana
Até adormecer e acordar como um felino!
Estou encarcerado em ti há muitos anos,
Quebro as grades mas já não sei fugir...
Ah! Benditas, são de aço e os desenganos
Que não existem mais mas os verdugos
Pensam que lhes minto ou brinco a fingir
Amarrando-me sob vis, minazes jugos......................
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Das enxovias sou, faz muitos anos
E os férreos grilhões já são banalidade!
Estou encarcerado, jungido em liberdade,
Ainda que eu viva, agora neste instante!
O futuro não trará mais desenganos,
Sê-lo-á belo com toda a humanidade,
Água a jorrar, limpida da fonte
Libertária, de flores, sem peias e sem amos!
Daniel Nobre Mendes