sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

A ARTE DE ESVAZIAR CAIXAS

CGD: auditoria não encontrou aval pessoal de Berardo de 37,8 milhões

Em 2008, Joe Berardo já tinha problemas para cumprir a sua dívida. Gestão da Caixa não travou degradação das garantias, nem executou aval pessoal, que entretanto não apareceu.

No final de 2008, a Direcção das Grandes Empresas da Caixa Geral de Depósitos (CGD) informou o conselho de administração que José Berardo entregara ao banco novas acções do BCP, bem como “um aval pessoal do comendador José Berardo de 37,8 milhões de euros” para garantir dívidas da Fundação, contraídas durante a gestão de Carlos Santos Ferreira. Uma década depois, a EY analisou os actos de gestão do grupo entre 2000 e 2015 e tirou conclusões: as acções do BCP foram vendidas com uma desvalorização acentuada; não foi encontrada prova da existência do aval pessoal, nem evidência do seu destino. O resultado é conhecido: a exposição da Caixa a Berardo estourou e levou à recapitalização total de perto de cinco mil milhões de euros.
Há mais de dez anos que a CGD sabia que o seu cliente José Berardo estava com dificuldades para liquidar as dívidas que já então totalizavam 347.462.707,89 euros. Os créditos foram contraídos entre 14 de Julho de 2006 e 28 de Maio de 2007, em plena guerra pelo controlo do BCP, e serviram em grande parte para financiar o investidor na luta contra Jardim Gonçalves.
Cristina Ferreira
Público