quinta-feira, 15 de novembro de 2018

DIRIGISMO DESPORTIVO NACIONAL - UM EXEMPLO

Mustafá: Do Linhó à liderança da Juve Leo

Entre um julgamento anulado num caso em que era suspeito de assaltos, sequestros e associação criminosa, Nuno Mendes conseguiu consolidar a liderança na claque sportinguista.

Nuno Vieira Mendes, conhecido pela alcunha de Mustafá, é um velho conhecido da justiça portuguesa. Foi precisamente no Estabelecimento Prisional de Linhó, onde cumpriu pena por assalto, que iniciou a sua ascensão na Juve Leo. Aqui, com outros reclusos, fundou um núcleo da claque do clube; o mesmo que, após a sua libertação, refundou no Monte da Caparica, com o nome de Núcleo do Pica-Pau.
Foi no Pica-Pau, bairro problemático do concelho de Almada, que o antigo presidente da Juve, Fernando Mendes, o “recrutou”, quando procurava consolidar de forma musculada a sua longa liderança à frente da claque. “Ia ao Pica-Pau, à Margem Sul, ao Casal Ventoso, chegava lá e tentava perceber quem eram os mais resistentes, os mais lutadores e os mais perspicazes (…). Depois trazia-os para serem os meus cães de fila”, contou ao jornalista Tiago Carrasco, num artigo publicado no jornal Expresso.
São também antigas as alianças de Mustafá, agora com 40 anos, com dirigentes “leoninos” dentro e fora de Alvalade. O caso mais mediático envolveu o antigo vice-presidente Paulo Pereira Cristóvão. O ex-inspector da Judiciária, membro da direcção de Godinho Lopes, ajudou Nuno Mendes e a Juve Leo, tendo cobrado o favor já fora do clube. Quem o revelou foi o próprio Mustafá, depois de ambos terem sido detidos em Março de 2015 por suspeitas de assaltos à mão armada, sequestros, roubos, abuso de poder, falsificação de documentos e associação criminosa.

Paulo Curado
Público