segunda-feira, 13 de agosto de 2018

COMO O ALEGRE SE FEZ TRISTE


Não, não venho falar a propósito do Alegre que foi um bom letrista de canções da Resistência e uma voz de esperança que chegava do saco de gatos de Argel, nem do 'bom poeta assim-assim' em que se transformou. Nem sequer falarei a propósito do romancista menor, autor de 'Alma' e de 'Tudo É e Não É' ou do Prémio Camões, tão merecido como o prémio SNI atribuído ao poeta Vasco Reis (não sabem quem foi? Foi o grande poeta que 'venceu', em concurso, a 'Mensagem', de Fernando Pessoa!!!). Também não me move a vontade de dissertar sobre o alimentador de lendas como as do 'Doutor Alegre' e 'Fundador do PS' (duas aldrabices que, de tão repetidas, ganharam estatuto de cidade). Nem sequer me apetece falar do rebelde-bem-instalado, uma  espécie de Santana Lopes do PS, e muito menos do candidato presidencial do Sócrates. 

Alegre, hoje e aqui, aparece porque na sua eterna pose entre o pavão e o Napoleão Bonaparte teve este patrioteiro 'desarrincanço':


Manuel Alegre defende regresso do serviço militar obrigatório


Fundador do PS diz que “os jovens têm direitos, mas também têm deveres de cidadania” e “cumprir o SMO é um deles”.

“Acho muito interessante e importante que se volte a discutir a reintrodução do serviço militar obrigatório. Eu sou a favor. Sempre fui. É uma forma de cidadania avançada e estou de acordo com o PCP que, mais uma vez, revela sentido de Estado ao defender a sua reintrodução. Parabéns ao PCP”. (Público)

Para que os jovens e seus progenitores saibam o que é a 'cidadania avançada' que se aprende na tropa, deixo aqui alguns tópicos:


CIVISMO

1- Parada do quartel de Mafra, fala o instrutor, oficial do quadro permanente: "Firme - costas direitas, peito para fora. Sentido - costas direitas, peito para fora, braços esticados ao longo do corpo. Em sentido não mexe nem que lhe passem um caralho pelos beiços!"

HUMANISMO

1- Tapada de Mafra, tropas em círculo. Fala o instrutor, oficial do quadro permanente: "Aproximação pela rectaguarda, lenta e silenciosa, pé ante pé e, de repente, um salto, uma mão na boca do inimigo e, com a outra mão, punhal espetado nas costas."

2 - Tapada de Mafra. Mesmo cenário e mesmos actores. Fala o instrutor, oficial do quadro permanente: "Aproximação pela rectaguarda, lenta e silenciosa, pé ante pé e, de repente, um salto, o garrote enfiado pela cabeça do inimigo até chegar ao pescoço. Depois é só apertar o cabo de aço.

3 - Carreira de tiro. Fala o instrutor, oficial do quadro permanente: "Coronha da G3 bem apertada contra o ombro para aguentar o coice. Traçar uma linha imaginária que começa no 'V' que têm à frente do olho direito, passa pelo ponto de mira e termina no peito do boneco preto que está desenhado no alvo a 50 metros. Puxar o gatilho e já está!  

Pois é, mancebos, é a partir daqui, desta formação em 'cidadania avançada', que por vezes se chega às mortes dos instruendos dos Comandos e aos massacres de Wiriamu. Não se deixem levar pelo canto da sereia. Façam um colossal e patriótico manguito ao 'Serviço Militar Obrigatório' e outro ao triste poeta Alegre.