Editora Deriva chega ao fim
A Deriva chegou ao fim esta quinta-feira, após 15 anos de actividade e mais de duas centenas e meia de livros publicados, anunciou o editor António Luís Catarino, que responsabiliza as distribuidoras e as grandes superfícies pela decisão que agora se viu obrigado a tomar.
Criada em 2003 no Porto, a Deriva foi vencida pelo cansaço de "lutar contra tempestades" sem ter sequer perspectivas de "bonanças próximas", diz o editor, lembrando que, para as pequenas editoras, as "diversas austeridades económicas nunca deixaram de existir".
Um dos principais problemas da Deriva, assume António Luís Catarino, foi a distribuição. "Perto de 60% do custo dos livros vai para as distribuidoras, e o resto vai para as tipografias, que entretanto burocratizaram cada vez mais o acesso às publicações, fazendo com que as pequenas editoras paguem antes da edição dos livros".
As grandes cadeias como a FNAC e a Bertrand são outro problema, diz, porque não criam fundos, o que leva a que um livro tenha, calcula, entre três a quatro meses de vida. "Para uma editora de best sellers, não faz mal", argumenta, mas é dramático para quem publica "long sellers, como livros de história, sociologia, antropologia, ensaio ou poesia".
E as pequenas livrarias também não são solução, porque, apesar de manterem os livros durante mais tempo, enfrentam elas próprias dificuldades de tesouraria, que fazem com que só consigam pagar à editora uma vez por ano, diz ainda António Luís Catarino, sublinhando, contudo, que essas pequenas livrarias de Lisboa, Coimbra e Porto são "as melhores recordações" que leva.
Público