terça-feira, 14 de novembro de 2017

CHICO BARRETO ESPERTO XAVIER

Corria o ano de 2014. O governo de INDIGNIDADE NACIONAL ia a meio do seu mandato. Ao tempo, os números eram tratados como pessoas e as pessoas tratadas como números. As decisões só eram tomadas depois de visto à lupa o rácio custo/benefício (os doentes com hepatite C, lembram-se?, iam morrendo a bom ritmo porque o medicamento para o seu tratamento era mais caro do que o funeral).
Pois foi neste ambiente de peste e cólera que a Cultura, privada do seu Ministério por obra e graça do comissário Viegas, se vergou às leis do Deus Mercado. Um tal Barreto Xavier, caído não se sabe muito bem de onde, sucessor do Viegas, usando, ao tempo, a alcunha de Secretário de Estado da Cultura, decidiu por despacho o casamento perfeito - património cultural com o comércio. A coisa foi feita com todo o pormenor: nome do monumento, tempo de ocupação, conteúdo do entretenimento, preço (praticamente, um plágio das regras estabelecidas pelas 'mais antigas profissionais do mundo' que contemplavam o nome da pensão, tempo da 'função', pratos disponíveis e bandeirada).
O negócio lá ia fazendo o seu caminho sem grandes sobressaltos até que uns maluquinhos dos computadores, depois de um evento que dá pelo nome de 'Web Summit', resolveram fazer uma patuscada no Panteão Nacional. Bronca, deu bronca, como era de esperar.
Os holofotes da indignação caíram em cima do Xavier, mas o homenzinho, sem se descompor, veio justificar-se e apontar o dedo aos verdadeiros responsáveis: ele lançou o negócio, mas os directores-gerais podiam fazer de ASAE e fechar as lojas e não o fizeram, logo, são estes os réus. Brilhante! Genial! O Barreto é um Chico, o Xavier é um esperto. O Barreto Xavier é um Chico esperto!