quarta-feira, 27 de setembro de 2017

MAIS NELSON RODRIGUES? NÃO, OBRIGADO

De Nelson Rodrigues li, há tempos, umas crónicas (bem escritas) sobre futebol, mais concretamente, sobre os feitos 'heróicos' da selecção brasileira. Deu para perceber que Nelson Rodrigues era um nacionalista bacoco.
Mais recentemente, li os contos, crónicas e memórias (tudo em prosa de qualidade) recentemente editadas em Portugal. E deu para ficar enjoado das obsessões do autor (entre elas, o ódio a tudo o que cheirasse a 'esquerda', indo ao ponto de denunciar grupos de intelectuais brasileiros que resistiam à carnificina e de 'marcar' de forma impiedosa o bispo D. Helder Câmara), reaccionário confesso e público apoiante da ditadura militar brasileira.
Agora, acabo de ler o romance 'O Casamento'. Eis a verdade (expressão cara a Nelson Rodrigues): trata-se de uma novela 'mexicana' de faca na liga, apimentada com doses cavalares de porno-chanchada e com requintes de violência (dissimulada  e explícita) capazes de fazer chorar todas as pedrinhas do calçadão de Copacabana.
'Anjo pornográfico', assim o define o biógrafo Ruy Castro. Prefiro chamar-lhe reaccionário pornográfico. E se, eventualmente, convidado a ler mais obras do autor, responderei: 'Nelson Rodrigues? Não, obrigado.'