Setenta anos depois, o pintor Júlio Pomar vai voltar a pintar as paredes do Cinema Batalha, no Porto. O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, anunciou ontem que convidou o artista a rezafer os frescos que pintou quando tinha 20 anos e que foram mandados tapar pela PIDE.
O projecto faz parte do plano da autarquia em reabilitar o edifício ao estatuto de casa do cinema do Porto. Rui Moreira disse ainda estar a elaborar um protocolo com o Ministério da Cultura e a Cinemateca Nacional.
Júlio Pomar tinha 20 anos quando pintou, entre 1946 e 1947, no foyer principal do edifício, um fresco com cerca de 100 metros alusivo às festas de São João. O trabalho foi interrompido durante alguns meses quando o jovem artista, membro do Movimento de Unidade Democrática, que se opunha ao regime salazarista, foi preso.
O Cinema Batalha foi inaugurado em Junho de 1947, mas os frescos só foram concluídos pelo artista em Outubro desse ano. Sete meses depois, a PIDE mandou tapar as obras, apontando-lhes conotações políticas contrárias ao regime.
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