quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

G3


Li em vários jornais a notícia da morte anunciada da G3. Em todos eles, com a ligeireza que caracteriza a actual imprensa portuguesa, a arma é apresentada como a 'namorada' dos soldados que estiveram na guerra do' ultramar'.
Convém rectificar: na guerra colonial, a G3 foi a companheira de centenas de milhares de soldados, a namorada de trinta mil feridos e a viúva de dez mil mortos. E foi também a foice que ceifou dezenas (ou centenas?) de milhares de vidas de guerrilheiros e populações civis. A G3 foi a 'esferográfica' que escreveu as crónicas do maior crime do século XX português.
Vamos lá, pois, enterrar a G3 em campa rasa e deixarmo-nos de epitáfios poéticos. Basta assinalar: "Aqui jaz a G3 que, na guerra colonial, muito matou e muito viu morrer. Paz à sua alma."