segunda-feira, 21 de novembro de 2016

UMA MULHER

1951 – Casa com o Capitão João Varela Gomes, com quem tem quatro filhos – Paulo, João António, Maria Eugénia e Maria da Luz.
1956 – Vai dirigir o Serviço Social do Hospital de Santa. Maria, que é obrigada a abandonar após dois anos, em virtude de um processo disciplinar por motivos políticos.
1958 – Participa activamente na Campanha eleitoral de Humberto Delgado, entrando em contacto mais estreito com os vários sectores da oposição.
1959 – Envolve-se directamente na Revolta da Sé e acompanha de perto o julgamento e a prisão dos implicados, particularmente dos amigos Manuel Serra, J. Jacques Valente e capitão Vilhena.
1960 – Trabalha na BP em Cabo Ruivo.
1961–Participa activamente na Campanha eleitoral para deputados, acompanhando o marido nos vários comícios, dos quais ficou célebre o do Teatro Trindade.
1962 – É raptada e presa pela PIDE, por alegado envolvimento no golpe de Beja. É mantida isolada desde 6 de Janeiro até meados de Abril.
De 13 a 19 de Janeiro é submetida a tortura do sono, numa acção coordenada pelo chefe de Brigada Mortágua e chefiada pelo inspector Pereira de Carvalho.
Cumpre em Caxias um período de prisão até 27 de Junho de 1963, onde é companheira de algumas das mais conhecidas figuras femininas do Partido Comunista: Albina Pato, Natália David, Luísa Paula, Aida Paula, Piedade Gomes, Aida Magro, Ivone Lourenço, Albertina Diogo, Fernanda Tomás, Virgínia Moura, Julieta Gândara.
1963 – Libertada, liga-se à Frente Patriótica de Libertação Nacional, integrada numa célula juntamente com Jorge Sampaio e Lopes de Almeida, entre outros.
1964 – Está presente como ré, ao lado do marido, no julgamento dos implicados de Beja. É condenada a dezoito meses de prisão (já cumpridos) enquanto João Varela Gomes é condenado a seis anos.
1967 – Faz uma viagem a Londres para contactos com a FPLN (através de Rui Cabeçadas) e com a Amnistia Internacional.
1968 – Arredada de qualquer emprego por motivos políticos, trabalha durante um ano na Seara Nova.
Desloca-se a Paris, a uma reunião da FPLN, em que participam Lopes Cardoso, Virgínia Moura, Jorge Sampaio, Manuel Sertório, Ramos de Almeida, Sérgio Vilarigues e Álvaro Cunhal.
Funda, com outras personalidades de oposição, a CNSPP (Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos). Integra o Executivo desse organismo juntamente com Nuno Teotónio Pereira, Cecília Areosa Feio, Frei Bento, Manuela Bernardino, Lucília Santos, Luís Moita, Levy Baptista, Comandante Costa Santos.
1969 – Participa na Campanha Eleitoral pelas listas da CDE.

1970 – É novamente presa por uma semana.
1971 – Vai trabalhar para o Sindicato dos Seguros onde, entre outras iniciativas, organiza um curso de sindicalismo.
1973 – Participa na campanha eleitoral para a Assembleia Nacional. No final de um comício na Sociedade Nacional de Belas Artes, é brutalmente espancada pela policia de choque, juntamente com a filha mais nova.
1974 – Após o 25 de Abril, trabalha com advogados e membros da CNSPP na libertação dos presos políticos, bem como na posterior remodelação desta organização.
Trabalha, juntamente com Rui Cabeçadas, Stella Piteira Santos e Fernanda Lopes Cardoso, na formação da Comissão de Apoio aos Refugiados Políticos.
Parte para Angola, acompanhando o marido, sobre o qual recai um mandado de captura, por alegado envolvimento no golpe do 25 de Novembro.
1976 – Abandona Angola, na sequência do golpe de Nito Alves, e vai para Moçambique, onde sofre o duro golpe da morte do amigo Ramiro Correia.
1979 – Regressa definitivamente a Portugal, em virtude da amnistia a seu marido, que é reintegrado nas Forças Armadas em 1982, passando de imediato à reserva.
2003 -Publicação de M. Eugénia Varela Gomes – Contra Ventos e Marés, uma  biografia sob a forma de entrevista, conduzida por Maria Manuela Cruzeiro do Centro de Documentação 25 de Abril da U. de Coimbra.