terça-feira, 4 de outubro de 2016

LEITURA


"Estavam no serviço de guarda ao Hospital Militar os soldados que ontem morreram.  Tinham saído de turno, descansavam na casa da guarda. E o 'inimigo', na pessoa de um soldado internado na Psiquiatria do Hospital, apareceu, pegou numa G3 que estava no armeiro e disparou à queima-roupa. Um tiro no peito de um, um tiro na cabeça do outro. Os dois mortos, logo ali. Foi assim, quando menos se esperava, onde menos se esperava. Fizemos o funeral com as honras militares habituais,  lá estão numa casa mortuária do cemitério de Bissau a aguardar transporte de barco para Lisboa. Do soldado que disparou pouco se sabe: estava internado em Psiquiatria, internado em Psiquiatria ficou. E também não se sabe, talvez nunca se venha a saber, por onde andou, o que viu, o que fez, o que lhe fizeram para chegar aqui."