sábado, 27 de agosto de 2016

DE OUTROS



O que mais avulta num político de recursos tão limitados como Pedro Passos Coelho (PPC) é a sua fixação febril, obsessiva e obtusa na «teoria» do empobrecimento deliberado do país e do povo, para servir de alavanca a um enriquecimento futuro de tal modo incerto que nem ele próprio se atreve a prognosticar. Quanto à sua ex-professora e ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, cujas limitações também são óbvias, tornou-se a sua mais repetitiva discípula política e não passa de um epifenómeno, ou seja, de um sintoma que sobreveio numa «doença» já declarada (por PPC). Constituem ambos uma parceria política de meter medo ao susto.
Mas o que mais impressiona na teimosia obtusa de PPC é a semelhança inquietante das ideias que insiste em defender com os ditames de Milton Friedman e dos seus Chicago Boys, quando estes fizeram do Chile de Pinochet o primeiro grande «laboratório» de aplicação prática das suas teorias neoliberais, de acordo com a «santíssima trindade» — privatização, desregulamentação e redução das despesas sociais — formulada na obra matricial Capitalismo e Liberdade (!?). Como escreveu Naomi Klein, no seu livro The Schock Doctrine, The Rise of Disaster Capitalism, foi o Chile que marcou a génese da contra-revolução ultraliberal, nascida no terror, que pretendia ser «uma verdadeira revolução, um movimento radical rumo à liberalização total dos mercados», como escreveu o Chicago Boy José Piñera, ministro do Trabalho e das Minas de Pinochet.
Alfredo Barroso
Público