O "galpismo" não deve ficar impune
Há uma enorme diferença entre a metafórica promessa de bengaladas ou bofetadas e a promiscuidade entre política e negócios.
Se os três secretários de Estado futebolisticamente “pescados à linha” pela Galp não se demitirem ou não forem demitidos, o governo de António Costa ficará seriamente infectado por uma ferida profunda. Por mais hábil que tenha procurado ser o ministro Augusto Santos Silva, tentando convencer-nos de que o problema seria resolvido com o pagamento, pelos secretários de Estado em questão, das despesas correspondentes ao favor que a Galp lhes proporcionou, e, ainda, pela “densificação” da legislação em vigor sobre incompatibilidades (que já é perfeitamente clara e não precisa de “densificação” alguma), o certo é que estes subterfúgios são o mesmo que tentar tapar o sol com uma peneira e revelam muito pouca habilidade política.
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Devem sair, desde logo porque não faz sentido a permanência no governo de três dos seus membros desde agora feridos por uma capitis deminutio, isto é, uma diminuição de capacidade para tratar de assuntos relativos à Galp. Devem sair, igualmente, por uma questão de princípios e, já agora, tendo em conta exemplos anteriores que só enobreceram governos do PS num passado não muito longínquo.
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Há, de facto, uma enorme diferença entre a metafórica promessa de bengaladas ou bofetadas e a promiscuidade entre política e negócios.
Público