sábado, 16 de julho de 2016

DE OUTROS

Parabéns, ó Barroso!

Venha de lá essa Torre e Espada...
Desculpa tratar-te por tu mas não resisto. É verdade que não te conheço pessoalmente mas, para mim, és um herói como os jogadores da selecção a quem estamos autorizados a tratar por tu pela intimidade que com eles fomos criando diariamente na sua odisseia por terras de França.
Odisseia que não é superior à tua. Para mim, já és, com toda a justiça, uma figura mítica como um Vasco da Gama ou um Afonso de Albuquerque que povoam o nosso imaginário nacional. E só os invejosos poderão achar que estou a exagerar.
Também tu deste – quase ia escrevendo “destes” na emoção com que te escrevo... – novos mundos ao mundo enquanto levantavas bem alto o nome de Portugal por essas terras da estranja fora. Esta lança que cravaste no novo continente ao conseguires o lugar de chairman (!) e consultor no maior banco de investimento norte-americano só pode ter uma classificação: sublime!
(...)
Só quem não conhecesse a fibra de que és feito poderá ter ficado surpreendido com este teu acrobático salto. Eu lembro-me bem que quando estavas cá no topo nacional também soubeste dar o salto para Bruxelas, com evidente sacrifício pessoal mas em nome de uma nobre missão: defender os interesses nacionais em terras bárbaras. Com esse teu salto, homenageaste, de uma forma inesquecível, a epopeia dos portugueses que também iam a salto para França.
Depois, enquanto estiveste nesse teu exílio nunca se te ouviu um queixume, uma palavra de desagrado. Lembro-me bem que nesse teu esforço de bem servir, quando foste obrigado a ir passar umas curtas férias à Grécia, soubeste fazê-lo de forma a não onerar o orçamento da Comissão Europeia. São pequenos pormenores a que os comentadores, sempre prontos a criticar, não sabem dar valor mas que definem uma personalidade, um carácter.
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A recente publicação no Reino Unido do relatório do Irak Inquiry com conclusões devastadoras quanto à forma como foi decidida a invasão do Iraque enganando tudo e todos numa sinistra cruzada contra os infiéis, infelizmente, não dá o devido valor à tua participação nessa – mais uma – odisseia da tua vida. Sim, lamentavelmente, neste relatório, na parte que respeita à histórica cimeira dos Açores em que o teu papel – como todos nós vimos – foi determinante, o teu nome nem sequer é referido!
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Sim, tu não és um palhaço pobre a tratar das misérias dos desgraçados que ainda sofrem as consequências da invasão do Iraque. Como tu próprio disseste: “Podia ter aceitado ocupações mais tranquilas, mas gosto de posições de desafio”. Ah, ganda Durão Barroso, és tu e a Goldman Sachs!
Público