quarta-feira, 18 de novembro de 2015

DE OUTROS

Onde reside a causa deste mal que nos envolve a todos? Sem desejar ir mais longe, se nos lembrarmos da cimeira dos Açores, em que W. Bush, Aznar e Tony Blair, com Durão Barroso a servir de vassalo, programaram a invasão do Iraque, talvez descortinemos a raiz do horror. Sem esquecer Donald Rumsfeld, o sinistro secretário de Estado norte-americano, que beneficiou com a "reconstrução" do país devastado. Nenhum deles foi punido, e qualquer deles merecia o escarmento universal, pelos crimes de guerra cometidos. E, acaso, pela humilhação inútil provocada a Saddam Hussein, e pela mentira hedionda do material de destruição maciça, logo denunciada e não ouvida por um dos investigadores, o sueco, imediatamente silenciado. Nada justifica a retaliação que, um pouco por todo o mundo, os que se consideram ofendidos e espezinhados têm praticado. Mas quando o agravo e o crime passam impunes, e a justiça aplicada a uns é escondida a outros, os povos têm a represália como justificada. A chacina de Paris, dez meses depois do assassínio no Charlie Hebdo, não encontra fundamentação, a não ser no ódio e na perversidade, afinal provocados pela insânia de um presidente e pelo estupor dos seus cúmplices.
Nós, portugueses, temos um conhecimento dramático dessa demência, em forma de "política". Nos últimos quatro anos, a mentira mais despudorada obteve, em Portugal, carta-de-alforria, com as consequências que se conhecem. Um dos cavaleiros do Apocalipse pateou no nosso corpo colectivo; os outros três estão espalhados pelas sete partidas, e, agora como há dez meses, escoiceou em Paris. Há uma guerra brutal, e sob diversos disfarces políticos, que está a dizimar as nossas mais fundas convicções e a fazer do conceito de fraternidade um valor desprezível. Por detrás desta miséria, o dinheiro e o lucro.
Baptista-Bastos
CM